Um estudo publicado no site bioRxiv em 18/8 reavivou a polêmica sobre a possibilidade do Sars-CoV-2 ser transmitido por alimentos congelados.
Nele, cientistas de universidades de Cingapura relatam ter introduzido o novo coronavírus em pedaços de carne de salmão, frango e porco comprados em supermercados locais. As amostras foram armazenadas em três temperaturas diferentes (4 °C, –20 °C e –80 °C) e colhidas no intervalo de um a 21 dias após a inoculação.
De acordo com os pesquisadores, os vírus ficaram conservados nos pedaços de carne, o que os levou a lançar o alerta: “A importação de alimentos contaminados e embalagens de alimentos é uma fonte viável para surtos”. O trabalho ainda não passou pela revisão de pares e, até aqui, a conclusão está em desacordo com o que prega a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A infectologista Ana Helena Germoglio, do Hospital Águas Claras, explica que, por enquanto, não há evidências científicas de que o coronavírus seja transmitido por alimentos, sejam eles crus ou cozidos. De acordo com ela, carnes cruas devem ser evitadas porque podem transmitir outras doenças virais e bacterianas, mas a Covid-19 não seria uma delas.
A médica pontua que até mesmo embalagens não representam grandes riscos para o contágio. Para ela, nem precisam ser lavadas. “O mais importante no que diz respeito a prevenção é evitar tocar o rosto e fazer a higienização das mãos com água e sabão ou com álcool em gel quando tocar superfícies”, afirma.
Frango brasileiro
Neste mês, a detecção do Sars-CoV-2 em um lote de frango exportado do Brasil para a cidade de Shenzhen, no sul da China, já havia levantado a polêmica reavivada pelo estudo de Cingapura. O novo coronavírus foi identificado por autoridades de saúde chinesas a partir de testes com uma amostra de asas de frango congelado vindo do Brasil.
Na ocasião, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não existem evidências de transmissão da Covid-19 por alimentos. A epidemiologista da agência internacional, Maria van Kerkhove, lembrou ainda que o vírus é inativado em altas temperaturas, quando o alimento é cozido.