Rússia volta a prometer corredor humanitário em Kiev e mais 3 cidades

Após cessar-fogo não cumprido durante o fim de semana, Rússia faz nova proposta, mas ucranianos dizem que condições são "um golpe imoral"

atualizado 07/03/2022 9:13

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Vista para as casas residenciais que foram destruídas por bombardeios em 5 de março de 2022 em Markhalivka, Ucrânia. A polícia regional disse que seis pessoas morreram, incluindo uma criança, e quatro ficaram feridas em um ataque aéreo russo nesta vila a sudoeste de Kiev Anastasia Vlasova/Getty Images

Após um fim de semana de fracassos nas negociações para a retirada de civis das cidades ucranianas alvo da guerra em pleno inverno, o governo russo divulgou comunicado informando sobre nova tentativa nesta segunda-feira (7/3), a partir das 10h (horário local, cinco horas à frente de Brasília).

Os russos prometeram um cessar-fogo para possibilitar a evacuação de civis em Kiev, Kharkov, Sumy e Mariupol, onde pessoas estão sem água e sem aquecimento.

O comunicado russo diz que os corredores humanitários serão abertos “levando em consideração um pedido pessoal do presidente da França, Emmanuel Macron, ao presidente da Rússia, Vladimir Vladimirovich Putin”. O governo francês, porém, negou que Macron tenha feito tal solicitação e reforçou que o mandatário francês quer o fim do conflito.

Resposta da Ucrânia

O governo ucraniano não aceitou as condições impostas pelos russos, o que pode levar a novo impasse. Para os ucranianos, o plano apresentado pelos russos é um “golpe imoral” e “inaceitável”, pois só permite a evacuação dos civis para a própria Rússia ou para Belarus. Para a ministra de Territórios Ocupados da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, a proposta da Rússia é “absurda, cínica, inaceitável”.

Vereshchuk, que também é vice-primeira ministra, disse esperar que os russos aceitem a abertura de corredores humanitários para Lviv, que está em território ucraniano e não é alvo dos ataques até agora.

Ameaças

Como nos dias anteriores, os russos fazem ameaças e tentam jogar a responsabilidade por um eventual novo fracasso para as forças ucranianas.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

“Exigimos do lado ucraniano que cumpra rigorosamente todas as condições para a criação de corredores humanitários nas áreas listadas e garanta uma retirada organizada de civis e cidadãos estrangeiros”, diz o comunicado. “Alertamos que todas as tentativas do lado ucraniano mais uma vez de enganar a Rússia e todo o mundo civilizado ao interromper a operação humanitária, supostamente por culpa da Federação Russa, desta vez serão inúteis”, diz ainda o texto.

As forças russas informaram que, apesar do cessar-fogo, vão “monitorar” a evacuação com tropas e drones.

Dia amanheceu com bombardeios em Mykolaiv

Apesar de oferecer um cessar-fogo, a Rússia iniciou esta segunda-feira bombardeando uma cidade que não está listada entre as que terão corredores humanitários. Trata-se de Mykolaiv.

A cidade, que fica no litoral do Mar Negro, já havia sido tomada pelos russos, o que obrigou os próprios ucranianos a afundarem, na última sexta-feira (4/3), o principal navio de guerra do país. A decisão ocorreu em razão do risco de que soldados russos capturassem a embarcação e a usassem contra as forças ucranianas.

Durante o fim de semana, porém, a resistência ucraniana conseguiu expulsar a maior parte dos invasores liderados por Vladimir Putin de locais estratégicos, como o porto e o aeroporto. Os russos respondem, agora, com esse bombardeio, cujos alvos específicos ainda não estão claros.

A mídia ucraniana e testemunhas também reportam que houve, ao amanhecer desta segunda, forte explosão em um depósito de combustível na província separatista de Luhansk, que teve a independência reconhecida pela Rússia no movimento político que antecedeu a invasão, no último dia 24 de fevereiro.

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