No 11º dia de guerra, corredor humanitário falha. Civis ficam sem água

Invasão russa começou em 24 de fevereiro e já deixou 1,5 milhão de refugiados na Ucrânia, onde população passa por crise humanitária

atualizado 06/03/2022 22:04

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destroços de metal Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia

O 11º dia de guerra contra a Ucrânia ficou marcado por mais uma falha na tentativa de cessar-fogo para o deslocamento de moradores em áreas atingidas pela artilharia russa. Em muitos locais, civis estão presos, como na cidade de Mariupol, sem água, luz e aquecimento.

Ucranianos acusam a Rússia de não respeitar o acordo e bombardear áreas residenciais, o que teria impedido a retirada de civis da zona de conflito. Já os separatistas acusam a Ucrânia de não respeitar o cessar-fogo entre os dois países. Essa foi a segunda tentativa de retirar civis da região. A primeira, também frustrada, foi no sábado (5/3).

Um bombardeio da Rússia também deixou oito civis mortos numa área que deveria ser de corredor humanitário, em Irpin, nas proximidades de Kiev. Soldados ucranianos estavam na área próxima a uma ponte neste domingo para ajudar a transportar a bagagem de civis e crianças. No entanto, morteiros foram disparados e uma família morreu, incluindo uma mulher e duas crianças.

A explosão ocorreu neste domingo, quando as pessoas tentavam atravessar uma estrada logo após a passagem da ponte. Imagens do The New York Times mostram o momento exato do impacto. Um dos fotógrafos da equipe divulgou o vídeo em redes sociais.

Veja:

De acordo com informações das Organizações das Nações Unidas (ONU), a invasão iniciada em 24 de fevereiro deixou até o momento 364 civis mortos em meio aos confrontos e 759 pessoas feridas.

Ainda segundo o comissariado da ONU para migração forçada, a Acnur, o conflito deflagrado pelos russos já tem saldo de 1,5 milhão de refugiados.

Otan

A escalada dos impactos que a invasão russa à Ucrânia causou e que antes era restrita ao leste europeu também ganhou ares globais. De acordo com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deu “sinal verde” para que os países do grupo enviem aviões de guerra à Ucrânia.

A declaração foi dada na manhã deste domingo, pelo horário de Brasília, em entrevista à rede norte-americana CBS.

Blinken, que está na Moldávia, país vizinho aos conflitos, respondeu a algumas perguntas no programa Face the Nation (Encare a Nação, em tradução livre).

Conforme disse, os EUA conversam com a Polônia – país que integra a Otan e demonstrou vontade de auxiliar no esforço de guerra ucraniano – e procuram formas de apoiar logisticamente o envio.

Bloqueios

Enquanto o presidente da RússiaVladimir Putin, autorizou o confisco de dinheiro “ilegal” nos bancos oficiais do país, com a determinação de que todo o dinheiro de funcionários que “exceder a receita oficial dos últimos três anos” pode ser confiscado pelo Estado, o TikTok bloqueou divulgação de vídeos no país.

O TikTok anunciou que vai suspender a transmissão ao vivo e o upload de novos conteúdos da Rússia. O aplicativo afirmou em nota que analisa a nova lei do país sobre “notícias falsas”.

De acordo com a empresa, a lei russa parece ter como alvo os meios de comunicação que não seguem a linha do Kremlin sobre a invasão da Ucrânia. A norma prevê 15 anos de prisão quem publicar “desinformação” no país, incluindo notícias que “desacreditem” as Forças Armadas.

11 dias de guerra

Há 11 dias, mísseis, tanques e militares em trincheiras fazem parte do cotidiano de ucranianos e russos. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia mudou a rota do mundo.

Todo conflito armado não tem efeito somente no front. A economia, a organização político-diplomática e a segurança internacional estão na mira, assim como civis ucranianos.

Clique aqui e confira a cobertura especial da guerra na Ucrânia. 

O Ocidente respondeu à investida de horror com sanções econômicas. Freou a circulação do dinheiro russo no mundo, mas não foi o bastante para soldados abandonarem tanques e fuzis.

A crise geopolítica no Leste Europeu chegou ao ápice de preocupação mundial com o risco de acidente nuclear ou o uso de armas do tipo. Soldados russos bombardearam a maior usina europeia. Um acidente seria 10 vezes mais potente do que o ocorrido em Chernobyl.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

O embate entre os dois países parece longe do fim. Todas as tentativas de cessar-fogo, mesmo que temporário e pressionado pela comunidade internacional, fracassaram.

O Metrópoles reuniu os fatos mais marcantes do conflito. Confira, a seguir, como a guerra movimentou o planeta nos últimos 11 dias.

Quinta-feira (24/2)

Sexta-feira (25/2)

  • O governo ucraniano afirma ter sofrido ao menos 203 ataques russos desde o início da invasão.
  • Russos cercam Kiev, capital ucraniana e coração do poder do país, além de tomar Chernobyl.
  • Zelensky decreta o rompimento das relações diplomáticas com a Rússia e distribui 10 mil fuzis a civis.

Sábado (26/2)

Domingo (27/2)

  • Hospital, orfanato, prédios e escola se tornam alvo de mísseis russos.
  • FAB reserva dois aviões para resgatar brasileiros; 40 deixam a Ucrânia.
  • Putin ordena “ofensiva total” e aumenta tropas ao redor da Ucrânia.
  • Papa condena bombardeios russos: “Diabólica insensatez da violência”.
  • Exército russo cerca usina nuclear; Kiev vive tensão extrema.
  • Países articulam Assembleia Geral da ONU para punir Rússia e Putin.
  • Bancos russos são excluídos do Swift, maior sistema bancário global.

Segunda-feira (28/2)

  • Putin pede a ministro que forças nucleares entrem “em alerta”.
  • Ucrânia é atacada por Belarus, país aliado da Rússia.
  • EUA pede que americanos saiam “imediatamente” da Rússia.
  • Putin fica mais isolado após G7 também excluir bancos russos do Swift.
  • Assembleia Geral da ONU marca rara sessão emergencial para punir Rússia.
  • Em alerta, União Europeia diz: “A guerra voltou às nossas fronteiras”.
  • ONU reage a Putin e alerta: “Conflito nuclear é inconcebível”.

Terça-feira (1º/3)

  • Sob ataques, Ucrânia ameaça a Rússia: “Temos como continuar a guerra”.
  • Megacomboio militar russo cerca Kiev; sirenes de alerta são acionadas.
  • Zelensky diz que, sem cessar-fogo imediato, guerra terá “larga escala”.
  • Tropas russas avançam e já cercam nove cidades ucranianas.

Quarta-feira (2/3)

  • Ucrânia descobre e frustra plano de assassinato de Volodymyr Zelensky.
  • ONU aprova resolução contra Rússia por guerra na Ucrânia.
  • “Terceira guerra mundial seria nuclear e devastadora”, alerta Rússia.

Quinta-feira (3/3)

  • Putin intensifica ataques e radicaliza: “Objetivos serão alcançados”.
  • Ucrânia pede “corredor verde” para refugiados após aumento de ataques.
  • Macron após conversa com Putin: “O pior ainda está por vir”.
  • Zelensky pede reunião com Putin para negociar pausa em bombardeios.
  • Russos sitiam 26 cidades; maior usina nuclear da Europa está no alvo.

Sexta-feira (4/3)

Sábado (5/3)

Domingo (6/3)

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