Putin assina anexação de zonas ucranianas: “Fizeram suas escolhas”

Cerimônia desta sexta (30) formaliza incorporação de 4 regiões ao território da Rússia. Referendo é "ilegal", segundo a Ucrânia e aliados

atualizado 30/09/2022 10:59

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Sob fundo azul com parte da bandeira da China, o presidente russo Vladimir Putin fala em evento. Dois microfones estão posicionados a sua frente - Metrópoles Andre Borges/Esp. Metrópoles

O presidente da Rússia, Vladmir Putin, formalizou nesta sexta-feira (30/9) a anexação de 15% do território ucraniano durante cerimônia no Palácio do Kremlin com políticos e outros aliados do governo. A medida é considerada “ilegal” pela Ucrânia e fere princípios do direito internacional.

No início do evento, o líder russo disse que “as pessoas fizeram suas escolhas”, em referência à vitória proclamada por Moscou nos referendos realizados em Donetsk e Luhansk, no leste, e em Kherson e em Zaporizhzhia, ao sul do país. A votação não foi reconhecida por Kiev e pelos países ocidentais aliados da Ucrânia.

Putin também afirmou que o Ocidente, ao contestar as anexações, “está procurando uma nova forma de destruir a Rússia”, e alegou estar pronto para retomar negociações de um cessar-fogo com Kiev, mas sem abrir mão dos territórios incorporados.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Retomando o discurso de que a Rússia e a Ucrânia são “um só povo”, em referência à antiga União Soviética, Putin disse que os moradores dessas regiões “se tornarão cidadãos russos para sempre”. 

“As pessoas foram retiradas da sua pátria natal quando a União Soviética acabou”, declarou. “Chamamos Kiev para negociar, mas não vamos discutir o desejo das pessoas, isso já foi decidido, a Rússia não vai trair as pessoas”, disse Putin.

Contudo, o presidente ucraniano, Volodomir Zelensky, já reforçou que o país não aceita fazer qualquer tipo de concessão territorial.

Arte mostra território ucraniano e russo em meio a guerra e a evolução do ataque da Rússia sob cidades atingidas - Metrópoles
A Rússia anexou a região de Donbass, onde estão Lugansk e Donetsk; Kherson e Zaporizhzhia

Ameaça ocidental

Uma parcela significativa do discurso do presidente russo foi dedicada a ataques ao Ocidente. Putin afirmou que os líderes de nações ocidentais se baseiam em pilares imperialistas e “desejam ver a Rússia como uma colônia”.

“O Ocidente não consegue sair da mentalidade colonial. Eles querem manter a hegemonia e continuam buscando meios de enfraquecer a Rússia”, afirmou.

Ele também comparou o que chama de russofobia ao racismo, e adicionou que o “mundo unipolar construído pelo Ocidente é antidemocrático”. Por fim, o líder ucraniano garantiu que protegerá a cultura russa diante do que chama de “ameaças ocidentais”, e acusou países europeus e os EUA de usarem a “escravização ao invés da democracia”.

O chefe do Kremlin também criticou o que chamou de uma “guerra híbrida” contra o país que lidera, a partir do envio de armamento à Ucrânia e do financiamento militar por parte de aliados ocidentais. Ele mencionou ainda a ameaça de uma guerra nuclear — na semana passada, Putin sugeriu que poderia usar armas nucleares diante de ameças e concluiu: “Não é um blefe”. 

Referendos

Na prática, a aprovação popular anunciada por Moscou permite que a Rússia considere as quatro regiões como parte de seu próprio território. Em caso de investida ucraniana contra essas áreas, Putin entenderia como ataque à nação russa, o que poderia provocar retaliações, inclusive com armas nucleares.

O mandatário disse que seu objetivo é “libertar” a região do Donbass, no leste da Ucrânia. E afirmou que a maioria das pessoas que vivem em regiões sob controle russo não quer mais ser governada por Kiev.

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