Rússia está pronta para se defender com armas nucleares, diz governo

Vice-chefe de Segurança da Rússia afirmou que quaisquer armas podem ser usadas para defender a anexação de territórios ucranianos

atualizado 22/09/2022 12:47

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Governo Russo/Reprodução

O ex-presidente russo Dmitry Medvedev, atual vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, afirmou que as autoridades do país estão prontas para usar todo o arsenal de Moscou, incluindo “armas nucleares estratégicas”, a fim de defender os territórios ucranianos conquistados pelos russos.

A declaração, nesta quinta-feira (22/9), subiu o tom das ameaças feitas pelo presidente do país, Vladimir Putin, em pronunciamento televisivo na quarta-feira (21/9). Na ocasião, o chefe do Kremlin decretou a primeira mobilização do país desde a Segunda Guerra Mundial. A intenção é convocar 300 mil cidadãos – com experiência militar – para a guerra contra a Ucrânia.

“A Rússia anunciou que não só as capacidades de mobilização, mas também qualquer arma russa, incluindo armas nucleares estratégicas e armas baseadas em novos princípios, podem ser usadas para essa proteção (das regiões ocupadas)”, declarou em entrevista à imprensa internacional.

Ele também aproveitou para reforçar a decisão de que serão realizados referendos sobre a separação das regiões ucranianas de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, invadidas pela Rússia. “Não há volta atrás”, declarou.

“As repúblicas de Donbass (Donetsk e Luhansk) e outros territórios serão aceitos na Rússia. O establishment do Ocidente e todos os cidadãos dos países da Otan precisam entender que a Rússia escolheu seu próprio caminho”, declarou.

Caso sejam formalmente admitidos como parte da Federação Russa, os territórios ocupados, onde as contra-ofensivas ucranianas ganharam força nas últimas semanas, terão direito à proteção usando armas nucleares russas sob a doutrina de Moscou.

O Kremlin não tem controle total sobre nenhuma das quatro regiões que deve tentar anexar, com apenas cerca de 60% das regiões de Donetsk e 66% de Zaporizhzhia — região onde está localizada a maior usina nuclear da Europa — detidas pelo exército russo.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Reação de líderes mundiais

A comunidade internacional, especialmente, países que fazem parte da União Europeia, reagiram às ameaças de Putin e prometeram que não vão reconhecer como legítimas as anexações dos territórios ucranianos pela Rússia a partir de referendos.

“O que estamos testemunhando desde 24 de fevereiro é um retorno à era do imperialismo e das colônias. A França o rejeita e buscará obstinadamente a paz”, defendeu o presidente da França, Emmanuel Macron, durante o discurso na Assembleia Geral da ONU.

As declarações do mandatário russo, inclusive, foram vistas por chefes de Estado e de governo como um sinal de “enfraquecimento” de Moscou diante da contra-ofensiva ucraniana.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, classificou o anúncio de mobilização parcial do líder russo como um “ato de desespero”. Liz Truss, do Reino Unido, chamou a mobilização de “um sinal claro de que sua invasão bárbara está falhando. Quaisquer referendos simulados em território ucraniano não serão reconhecidos. Ursula von der Leyen e eu estamos unidas em nosso compromisso de apoiar a Ucrânia pelo tempo que for necessário”.

Joe Biden também usou uma extensa parcela do pronunciamento na Assembleia Geral para condenar a ofensiva russa.

“Uma guerra nuclear não pode ser ganha, e não deve nunca ser travada. Hoje, estamos vendo violações perturbadoras a essa diretriz estabelecida pela ONU. Eles estão fazendo ameaças inaceitáveis […]. Nós não vamos permitir”, frisou.

Referendos

As duas regiões separatistas do Donbass, Donetsk e Luhansk, juntamente com Kherson e Zaporizhzia, pretendem conduzir as votações ainda nesta semana, em um ato que busca impedir as investidas ucranianas para retomar essas áreas.

Na prática, caso a população aprove a anexação, Moscou passaria a considerar as quatro regiões como parte de seu próprio território. Em caso de investida ucraniana contra essas áreas, Putin entenderia como ataque à nação russa, o que poderia provocar retaliações, inclusive com armas nucleares.

O mandatário disse que seu objetivo é “libertar” a região do Donbass, no leste da Ucrânia. E afirmou que a maioria das pessoas que vivem em regiões sob controle russo não quer mais ser governada por Kiev.

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