O juiz federal Jesse M. Furman bloqueou, nesta terça-feira (11/3), a ordem do presidente dos EUA, Donald Trump, de deportar o ativista pró-Palestina Mahmoud Khalil, que foi preso, no último sábado (8/3), por agentes de imigração.
Segundo o magistrado, a medida objetiva “preservar a jurisdição do tribunal”, enquanto a Corte avalia um processo que contesta a detenção e a anunciada deportação de Khalil, que nasceu na Argélia. Uma audiência foi marcada para esta quarta-feira (12/3) no Tribunal Federal da cidade de Nova York.
Mahmoud Khali é formado pela pela Universidade de Columbia e residente permanente nos EUA, o que gerou todo o conflito da administração Trump com a instituição.
O governo Trump anunciou, na semana passada, que rescindirá US$ 400 milhões (R$ 2.316 bi) em subsídios federais para Columbia, acusando-a de não combater o antissemitismo no campus.
Columbia foi o epicentro no ano passado dos protestos estudantis pró-palestinos em todo o país contra a guerra em Gaza e o apoio dos EUA a Israel. Khalil era um dos líderes dos manifestantes, que montaram um enorme acampamento de tendas no gramado da universidade em protesto contra a guerra em Gaza.
Trump cumpre a promessa de campanha de reprimir manifestantes pró-palestinos em campi universitários. A prisão de Khalil foi chamada pelo presidente de “a primeira de muitas que virão”.
Após Khalil ser preso, centenas de manifestantes se reuniram em Nova York na tarde dessa segunda-feira (10/3), pedido por sua libertação e condenando as ações do governo Trump.
A multidão agitava bandeiras palestinas na Foley Square, em Lower Manhattan, logo após ser relatado que os EUA pretendem deportar Khalil. Os manifestantes marcharam em direção à prefeitura. Ao menos uma pessoa foi detida.
“Estamos enfrentando uma realidade horrível: nosso próprio aluno, um membro da comunidade de Columbia, se tornou um prisioneiro político aqui nos Estados Unidos”, disse o professor Michael Thaddeus, da Universidade de Columbia, em comunicado.
A suspensão da deportação é temporária. Diante disso, o juiz marcou uma audiência do julgamento para esta quarta, à qual o palestino precisa comparecer.
Sem visto e sem green card
Agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) informaram ao Khalil que estavam revogando seu visto de estudante e seu green card quando o prenderam no sábado, disse seu advogado.
Agentes do ICE o prenderam em seu apartamento de propriedade da universidade em Manhattan e inicialmente o colocaram em uma unidade de imigração de Nova Jersey antes de transferi-lo para um centro de detenção em Jena, Louisiana.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) acusou o ativista de “liderar atividades alinhadas ao Hamas”, mas não forneceu detalhes.
Segundo advogado de Khalil, o ICE também ameaçou prender sua esposa, uma cidadã americana que está grávida de oito meses, e quando ela tentou visitá-lo, em Nova Jersey, as autoridades disseram que ele não está lá.
A Universidade de Columbia declarou que a polícia pode entrar na propriedade do campus com um mandado, mas negou que a liderança da universidade tenha convidado agentes do ICE.