Viagem de Bolsonaro aos EUA foca em comércio, defesa e Venezuela

Tanto a comitiva de 22 pessoas que acompanha o presidente quanto os compromissos marcados refletem as prioridades

atualizado 07/03/2020 10:58

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Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Enviado especial a Miami – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) embarca neste sábado (07/03) para a sua primeira viagem aos Estados Unidos em 2020. Desde que assumiu o poder, em 2019, o presidente fortaleceu os laços com o país e desenvolveu uma relação de proximidade com o seu par Donald Trump.

Os dois irão se encontrar, na noite deste sábado (07/03), para uma reunião privada no resort Mar-a-lago, que pertence à família de Trump. Na ocasião, os principais temas abordados serão relações comerciais, um acordo na área de defesa e a crise na Venezuela. A reeleição de Trump, que será disputada neste ano, também está no cardápio.

A visita, que começa em Miami, vai durar quatro dias e termina com uma passagem na fábrica da Embraer, em Jacksonville, capital do estado da Flórida. A empresa foi comprada recentemente pela norte-americana Boeing, mas mantém as suas operações mais importantes no Brasil.

A comitiva de 22 pessoas escolhidas pelo governo para acompanhar Bolsonaro nos Estados Unidos conta com 4 ministros e até um governador e reflete as prioridades estabelecidas para a incursão.

Comércio
Mais da metade dos eventos marcados para a visita têm como foco ampliar as relações comerciais dos dois países. A escolha pela Flórida não foi à toa. O comércio bilateral entre o estado e o Brasil, em 2019, chegou a US$ 8,5 bilhões (quase R$ 40 bilhões).

Nesta segunda-feira (09/03), Bolsonaro e sua comitiva participam do Seminário Empresarial Brasil-Estados Unidos em Miami. Na ocasião, o secretário de pesca do ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Jorge Seif, fará uma apresentação. O presidente da Embratur, Gilson Machado Guimarães Neto, também vai dar uma palestra.

Além disso, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, está preocupado com o andamento de reformas e não vai aos EUA, embarcará em seu lugar o secretário especial para o comércio exterior da pasta, Marcos Troyjo. Ele parte, em voo comercial, neste domingo (08/03) e deve intermediar relações com investidores.

Na terça-feira (10/03), o presidente participa da sessão de abertura da Conferência Internacional Brasil-Estados Unidos: um novo prisma nas relações de parceria e investimentos. Seus secretários ficarão encarregados de dar sequência às conversas.

Também estão na comitiva o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), o presidente da Apex, Ricardo Segovia Barbosa, o chefe de operações da Apex Brasil para a América do Norte, Juarez Leal, e a secretária especial do PPI, Martha Seillier, que assim como Troyjo busca investidores para parcerias no Brasil.

Defesa
Iniciado ainda no governo de Michel Temer (MDB), Brasil e Estados Unidos devem finalizar os termos de uma parceria nas áreas de pesquisa, desenvolvimento, testes e avaliação de projetos na área militar. O acordo é conhecido pela sigla RDT&E, e pode ser uma porta de entrada para o mercado norte-americano de compra de armas – um orçamento de mais de R$ 1 trilhão anual.

Em 2019, as exportações de armamentos tiveram um salto de 30% ante 2018, e encerraram 2019 em US$ 1,23 bilhão – R$ 5,5 bilhões – um recorde para os últimos anos. A meta é ampliar esse montante para US$ 6 bilhões e esse projeto pode ser o início dessa caminhada.

Além do acordo, Bolsonaro vai visitar neste domingo (08/03) o Comando do Sul do exército norte-americano. O general brasileiro Alcides Valeriano de Faria Júnior, desde 2019, faz parte da organização do grupo. A visita de líderes sulamericanos ao comando é comum. Em 2018, o presidente colombiano Ivan Duque também foi ao local. A Colômbia conta com uma base do comando em seu território. No passado, eles auxiliaram os colombianos a lidar com a guerrilha das Farc, que há poucos anos abriu mão da luta armada.

Para essa área, embarcam o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, o chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, Raul Botelho, e o secretário de produtos de Defesa, Marcos Degaut.

Venezuela
Um dos assuntos mais delicados da visita aos Estados Unidos é o recrudescimento da crise venezuelana sob o regime de Nicolás Maduro. Nos últimos 30 dias, o presidente colombiano, Ivan Duque, o equatoriano, Lenin Moreno, e o autointitulado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, estiveram nos Estados Unidos para falar sobre a crise politica que o país enfrenta.

O assunto, inclusive, foi destaque de nota emitida pela secretaria de imprensa da Casa Branca, logo após a confirmação da reunião privada entre Bolsonaro e Trump. “[Os presidentes falarão sobre] oportunidades para restaurar a democracia na Venezuela”, destaca trecho do documento.

Em sua visita aos EUA, no começo deste mês, Duque destacou que gasta aproximadamente US$ 1 bilhão ao ano com os 1,7 milhão de refugiados do regime de Nicolás Maduro em seu país. Ele destacou, em entrevista à revista Time, que Trump mostrou-se disposto a construir uma “transição” do atual governo para as mãos de Guaidó.

Lenin Moreno, por outro lado, argumentou que o seu país sofre com a presença de meio milhão de refugiados e conseguiu US$ 400 milhões do governo norte-americano para lidar com a crise humanitária.

Guaidó foi recebido por Trump em fevereiro. A Casa Branca, ao anunciar o encontro, chamou o regime de Maduro de “ditadura ilegítima”.

O governo brasileiro terá no ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e no assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, os principais porta-vozes para o tema.

Como Trump enfrenta uma candidatura à reeleição de resultados incertos, é esperado um recrudescimento no trato dos Estados Unidos com Maduro, assunto que tem potencial de mobilizar parte da base de apoio do partido republicano, ao qual o atual presidente é filiado.

Confira toda a comitiva que acompanha Bolsonaro aos EUA:

  • Presidente da República, Jair Bolsonaro
  • Primeira-dama, Michelle Bolsonaro
  • Ministro de Estado das Relações Exteriores, Ernesto Araújo
  • Ministro de Estado da Defesa, Fernando Azevedo e Silva
  • Ministro de Estado de Minas e Energia, Bento Costa
  • Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno
  • Governador do Paraná, Ratinho Júnior
  • Chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, Raul Botelho
  • Senador Jorginho Mello (PL/SC)
  • Senador Nelsinho Trad (PSD/MS)
  • Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP)
  • Deputado Daniel Freitas (PSL/SC)*
  • Embaixador Nestor Forster*
  • Embaixador João Mendes*
  • Assessor internacional, Filipe Martins
  • Secretário Especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten*
  • Presidente da Embratur, Gilson Machado Guimarães Neto*
  • Presidente da Apex,Ricardo Segovia Barbosa*
  • Chefe de Operações da Apex Brasil para a América do Norte, Juarez Leal*
  • Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo*
  • Secretária Especial do PPI, Martha Seillier*
  • Secretário de Aquicultura e Pesca do MAPA, Jorge Seif *
  • *Não embarcam no voo presidencial

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