Liliane Roriz pega carona em obra pública para levar asfalto até a sede de sua fazenda

Empresa contratada pelo governo de Goiás para pavimentar rodovia fez benfeitoria na propriedade da deputada distrital

atualizado 28/11/2017 9:06

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Rafaela Felicciano/Metrópoles

Quem trafega pelo trecho de 12km recém-pavimentado da GO-425, que liga Luziânia ao Jardim Lago Azul, no Novo Gama (GO), percebeu, nas últimas semanas, uma paisagem diferente. Em vez de mato alto, poeira e terra batida, hoje há asfalto e sinalização. A mudança no cenário não beneficiou apenas os motoristas que percorrem a estrada rural. A pista que dá acesso à fazenda da deputada distrital Liliane Roriz (PTB), próxima ao Km 5 da rodovia, também foi asfaltada.

A empresa Eletro Hidro Ltda. (EHL), contratada pelo governo de Goiás, pavimentou o trecho da estrada entre as duas cidades goianas. Coincidentemente, a mesma companhia também asfaltou o braço de aproximadamente 1,5km entre a rodovia e a propriedade da parlamentar. Os terrenos vizinhos, no entanto, permanecem na mesma configuração anterior, com acesso apenas por chão batido.

O asfaltamento da GO-425 valoriza a Agropecuária Palma, uma gigante de laticínios que pertence ao clã Roriz. Nos bastidores políticos, comenta-se que a benfeitoria é uma promessa antiga feita há anos pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ao ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz. Os dois são aliados históricos e foram, no começo da carreira política, filiados ao PMDB.

A reportagem do Metrópoles esteve no local e constatou que o novo piso extrapola os limites da estrada pública e segue inclusive cerca adentro (foto em destaque), em direção à fazenda da filha mais nova de Joaquim Roriz. Depois da porteira, é possível ver bois e vacas andando no asfalto recente.

A pista principal já ficou pronta, mas ainda há homens da EHL trabalhando no trecho da propriedade de Liliane. Um deles confirmou à reportagem que é funcionário da empresa.

A EHL confirmou as intervenções dentro e fora do imóvel de Liliane e garantiu não haver irregularidades nos procedimentos. Mas se recusou a mostrar o contrato firmado com a Agência Goiana de Transporte e Obras (Agetop) – órgão do governo de Goiás responsável pela seleção da empresa. Também não informou se a obra na propriedade da deputada foi financiada com recursos públicos ou pela própria parlamentar.

Procurada pela reportagem, a Agetop informou não executar obras de pavimentação em propriedades particulares. O órgão do governo goiano disse ter destinado à empresa R$ 14 milhões pelas benfeitorias na GO-425, o que não incluiria nenhuma reforma na fazenda da distrital.

Questionada pela reportagem sobre notas fiscais e ordens bancárias que comprovassem a contratação da empresa de pavimentação, a deputada não se manifestou. Por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não comentaria o caso.

Levando em consideração que toda a obra contratada pelo Executivo goiano custou quase R$ 15 milhões, por paralelismo, o percurso entre a via principal e a casa de Liliane teria de alcançar cifras milionárias. Mas o suposto desembolso da quantia é um mistério. Nem o governo estadual, nem a empresa prestadora de serviço, nem a deputada distrital explicam como uma obra pública de Goiás acabou batendo à porta de uma política do Distrito Federal.

Veja o antes e depois do trecho da GO-425 que corta a fazenda de Liliane Roriz

 

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Em imagem do Google Maps, é possível ver a entrada da fazenda antes das obras, com mato queimado e terra
Via de acesso à fazenda de Liliane Roriz, na GO-425, antes das obras
Levantar poeira era inevitável antes das obras no local
Funcionário trabalha na via de acesso à propriedade particular de Liliane Roriz
Obras no local, com canaletas, rodapé e sistema de escoamento
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Reprodução do Google Maps mostra trecho antes de ser asfaltado, tomado pelo mato e com chão de terra batida

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Em imagem do Google Maps, é possível ver a entrada da fazenda antes das obras, com mato queimado e terra

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Via de acesso à fazenda de Liliane Roriz, na GO-425, antes das obras

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Levantar poeira era inevitável antes das obras no local

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Funcionário trabalha na via de acesso à propriedade particular de Liliane Roriz

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Obras no local, com canaletas, rodapé e sistema de escoamento

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Ainda há brita no acesso à fazenda da deputada distrital Liliane Roriz

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Pista de acesso à guarita da fazenda foi pavimentada. Segundo funcionários, a brita estende-se até o mata-burro

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Pela cerca da fazenda, é possível notar as alterações

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Animais caminham sobre o piso novo na propriedade de Liliane

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Casa onde moram funcionários da deputada, na entrada da fazenda

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Trecho da rodovia GO-425, asfaltada recentemente

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Trecho da pista recém-asfaltada

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Placa no trevo entre a GO-425 e a pista de acesso a Corumbá IV

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Guarita de acesso à Agropecuária Palma não foi asfaltada

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Entrada da fazenda Palma foi asfaltada

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Acesso a uma propriedade na GO-425 que segue inalterada

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Outras propriedades que ficam na GO-425 não receberam pavimentação

Ian Ferraz/Metrópoles

Condenada
Enquanto cuida de seus negócios privados, a deputada distrital trava uma batalha na Justiça para manter seu cargo eletivo. Condenada a 4 anos, 5 meses e 8 dias em regime semiaberto e ao pagamento de R$ 32,4 mil por compra de votos, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), Liliane teria o pedido de cassação analisado pela Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) em 22 de novembro. A análise, porém, acabou adiada para esta quarta (29).

A parlamentar também será ouvida na 2ª Vara de Fazenda do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), sob a condição de testemunha no processo da Operação Drácon, a respeito de um suposto esquema de corrupção em que distritais são suspeitos de aprovar emendas parlamentares em troca de propina. Liliane encontra-se de licença médica da CLDF e deve retornar ao trabalho nos próximos dias.

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