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Livro destrincha papel da Justiça e de governos na letalidade policial

Autora busca mostrar que a culpa está no sistema e não apenas no autor do crime

atualizado 24/07/2021 17:58

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Agência Brasil

Dois homens negros foram mortos pela Polícia Militar de São Paulo no dia 1º de janeiro de 2015. O crime foi registrado como morte decorrente de intervenção policial, mas, três dias depois do crime, um dos policiais envolvidos na morte confessou que ele executou um dos homens e mesmo assim foi absolvido.

Foi a partir do estudo desse caso que a pesquisadora Poliana da Silva Ferreira construiu o livro “Justiça e letalidade policial”, que será lançado em agosto pela editora Jandaíra. A obra revela as estruturas judiciais que alimentam os altos números de mortes decorrentes de intervenção policial e a impunidade dos responsáveis. O objetivo é mostrar que a culpa está no sistema e não apenas no autor do crime.

“Quando um policial que está ‘na ponta’ aperta o gatilho, não é só ele que deve ser responsabilizado, mas também a corporação e o Estado. Existe uma estrutura que permite que a alta letalidade por interferência policial se perpetue e muitas vezes fique impune”, explicou Silva Ferreira à coluna.

No livro, a autora busca mostrar que a legislação brasileira não pune todas as esferas responsáveis pelo alto número de mortes causadas por agentes do Estado. O sistema permite, explica Silva Ferreira, que haja uma cultura de autoimunidade institucional nas polícias. A autora observou que a falta de transparência é, entre muitos outros, um dos fatores que corrobora para a falta de responsabilização

“O policial é um servidor público. Se ele tem uma conduta errada, é um absurdo que a população não fique sabendo dos desfechos e como a corporação lida com o caso. É diante disso que podemos enxergar a lógica imunitária das polícias”, explicou a autora, que também ressaltou a piora desse cenário no governo Bolsonaro.

Na Jandaíra, o livro sai pelo selo Justiça Plural da editora, que é voltado à publicação de obras que ajudam a compreensão das discriminações estruturais no país.

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