A 24 dias das eleições, Bolsonaro precisava mostrar que não estava pronto para morrer na praia – que dizer, no primeiro turno. E, se possível, infundir algum medo nos adversários.
Pode ter conseguido. Dentro das quatro linhas da Constituição, foi o último trunfo que tinha para jogar na mesa. O golpe ficaria para outra ocasião, se vencer. Antes disso, tornara-se difícil.
Os militares, a exemplo dos políticos que o apoiam, estão dispostos a acompanhá-lo até à porta do cemitério, mas ao pé da cova nem pensar, muito menos a se deixar enterrar com ele.
Os atos organizados por Bolsonaro atingiram seu objetivo. Com uma militância desanimada, não se vai a lugar algum. Os bolsonaristas foram dormir certos de que poderão virar o jogo.
O que não significa que poderão de fato virar. Os ventos, até que novas pesquisas provem o contrário, continuam soprando a favor de uma vitória de Lula, se não no primeiro, mas no segundo turno.
Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, a pesquisa do Ipec deu Lula na frente; a da Quaest-Genial, divulgada nesta madrugada, deu Lula e Bolsonaro empatados.
Se Lula, ali, acabar perdendo para Bolsonaro, não será por uma grande diferença; jamais será pela diferença obtida por Bolsonaro ao derrotar Fernando Haddad (PT) há quatro anos.
O PT já ganhou três eleições presidenciais, perdendo em São Paulo. No Rio, os dois estão pau a pau, e em Minas Gerais e na Bahia, o terceiro e o quarto maior colégio, Lula lidera com folga.
Lula também lidera ainda com mais folga em todos os estados do Nordeste, entre os eleitores mais pobres, e, especialmente, entre as mulheres, 52% do total do eleitorado.
A campanha de Lula não se afastará da rota traçada até aqui. Como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) não dão sinais de crescimento, Lula irá atrás do voto útil que eles poderão perder.