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Pazuello corre o risco de ser punido pelo Exército

No Rio, Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde e general da ativa, participou de ato de motociclistas comandado por Bolsonaro

atualizado 23/05/2021 21:01

Pazuello e Bolsonaro em ato no Rio Aline Massuca/Metrópoles

General da ativa, sem máscara, embora a lei mande que use, pode participar de manifestação política? O que o “nosso Exército” diz a respeito? Ficará por isso mesmo? Não será punido pelo Exército que Bolsonaro insiste em chamar de seu?

Especialista em logística militar, ex-ministro da Saúde demitido por incompetência, o general Eduardo Pazuello participou, esta manhã, no Rio, de uma manifestação político-partidária de motociclistas comandada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Chegou de máscara ao local no bairro da Tijuca. A primeira coisa que fez foi baixar a máscara, contrariando decreto do governo estadual e lei aprovada pelo Congresso em junho do ano passado. Subiu no carro de som, e discursou.

Desrespeitou o Estatuto dos Militares e o Regulamento Disciplinar do Exército. Entre as transgressões previstas e sujeitas a punição no regulamento, está:

“Manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária”.

Pazuello e Bolsonaro serviram juntos nos anos 1980 na Brigadada Paraquedista no Rio. Por ter planejado detonar bombas em quartéis em protesto contra o salário que recebia e que considerava baixo, Bolsonaro foi afastado do Exército. Pazuello seguiu carreira.

Os dois se reencontraram no governo que está repleto de paraquedistas – entre eles, os generais Braga Neto (ministro da Defesa), Augusto Heleno (ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (chefe da Casa Civil).

Na última quarta-feira, Augusto Heleno disse à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara que militares da reserva podem participar de manifestações, mas os da ativa, não. E completou:

“Os da ativa não podem e serão devidamente punidos se aparecerem em manifestações políticas”.

O mau e o bom exemplo vêm de cima. Se Pazuello não for punido, os comandantes militares perderão a autoridade para punir sargentos e tenentes que decidam comparecer a atos políticos a favor ou contra Bolsonaro. Imagine a zorra que não será.

O general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, foi punido duas vezes à época em que era militar da ativa. Em 2015, por criticar o governo Dilma, dois anos depois, por defender um golpe militar. Quanto a Bolsonaro, só pode ser punido nas urnas.

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