Quer prova maior de que o PSDB sempre foi um partido de cardeais, alguns bispos e monsenhores, e de poucos padres e coroinhas? Ele tem mais de 1,3 milhão de filiados, mas só 2% deles (28.574) cadastraram-se para votar nas eleições do próximo dia 21, que indicarão o candidato do partido a presidente da República.
Vá, Alckmin, ser candidato ao governo de São Paulo, quem sabe assim não injeta um pouco de ânimo na irmandade do coração da Avenida Brigadeiro Faria Lima. Até outro dia, os cardeais se reuniam em restaurantes para repartir o pão e os cargos a serem disputados de presidente para baixo, mas nem tanto.
Aí apareceu um apóstata, como João Doria, que reza por outro catecismo. Ganhou a prefeitura derrotando no primeiro turno o prefeito Fernando Haddad (PT). Após dois anos, contra o desejo dos cardeais, ganhou o governo. Menos de dois anos depois, lançou-se candidato a presidente da República. Onde já se viu?
Bateu barata voa. Deram o jeito de providenciar um nome do clero jovem para deter Doria antes que ele os engula ou, a seu ver, destrua o templo. Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, nada teria a perder com isso. Prestou-se então ao papel. Se perder para Doria, será promovido a bispo.
As eleições primárias do PSDB só existem porque a imprensa noticia. Favorito a vencê-las, embora na lanterna nas pesquisas de intenção de voto para presidente, Doria imagina crescer com a atenção que naturalmente despertará. Esse é seu plano, que uma grande fatia do PSDB, como de hábito, tentará abortar.
Vai ser luta de faca na sacristia.
Por falar em prévias do PSDB, teve a filiação de Sergio Moro no Podemos e o Congresso em Chamas tocou fogo no evento, veja como foi a cobertura:
