Não é com alegria que escrevo este artigo. Afinal, foi difícil nos livrar de Bolsonaro, que, segundo denúncia da PGR, atentava contra a ordem de direito do País. E Lula, em seus consecutivos dois governos de 2003 a 2010, havia feito uma excelente gestão, implementando novo projeto econômico, casando a demanda gerada pela implementação dos programas sociais a créditos subsidiados às empresas então ociosas, passando o PIB do país de US$ 0,5 trilhão em 2002 para US$ 2,2 trilhões em 2010, em dólares correntes. Na gestão atual, entretanto, não houve a formulação de novo projeto que levasse o país ao desenvolvimento, com o PIB ficando, em média, em cerca de US$ 1,9 trilhão, devido ao pouco expressivo índice de crescimento interno e desvalorização cambial. Sem falar na alta dos alimentos para a população, significativamente acima dos ganhos de renda da população. E não dá mais tempo para se elaborar e implementar um novo projeto econômico.
A pesquisa MDA mostrou, recentemente, que Lula atingiu 44,0% de avaliação negativa para 28,7% de avaliação positiva de seu governo. 62% da população avalia que o governo Lula não está no caminho certo, e 64,8% acham que Lula não merece mais 4 anos de governo. Nas pesquisas SENSUS, o incumbente para ser reeleito tem que ter 55% de aprovação de seu Governo, 40% ou mais para concorrer, abaixo de 40% não se reelege. Com os gastos do governo aumentando sem contrapartida produtiva, aumentam o déficit fiscal e os juros. Carlos Alberto Teixeira, em seu recente estudo divulgado em sua revista MERCADO COMUM, mostra que a taxa nominal de juros do Brasil, em 13,25%, é a quarta maior do mundo, com a taxa real, em 9,18%, a segunda maior do mundo. Isto afasta o investimento e a produção. Neste cenário, Lula não se reelege, nem faz o sucessor.
Para ser competitivo, Lula hoje tinha que pelo menos tentar “arrumar a casa”, no controle do déficit fiscal, inflação e taxa de juros.
Com a tendência de menor representatividade da polarização extremada no país, com a possibilidade de seus maiores protagonistas deixarem o palco político, tornam-se possíveis candidatos com viabilidade pelo centro-direita, Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, e Romeu Zema, desta forma percebidos, nesta ordem; e pelo centro-esquerda, as possíveis lideranças emergentes de João Henrique Campos e Eduardo Leite. Valores como Aécio Neves e João Dória podem surgir à frente.
Urge a necessidade de maior consenso no país, em torno de um projeto de desenvolvimento.
Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus