Nos últimos anos, a ideia mais difundida seria de que, na briga entre a margarina e a manteiga, esta última ganhava no quesito alimentação saudável. Afinal, ela não continha gordura hidrogenada – a malvada gordura trans.
A manteiga é produto de um mecanismo natural do processamento do creme de leite, sendo rica em gordura saturada. Por outro lado, a margarina se tratava de uma substância industrializada a partir de intervenção química, com adição de gordura hidrogenada (trans), resultando em consistência pastosa.
Bem à saúde, nenhuma nunca fez, porém a real discussão circundava em qual opção poderia oferecer menos prejuízos. O ponto daqueles que defendiam o consumo da manteiga em comparação a margarina era esse: a gordura de origem animal geraria menos malefícios ao bem-estar.
A má-fama que colocou a margarina no hall dos péssimos alimentos surgiu porque, durante o processo de produção, gera uma alta quantidade de gordura trans. No entanto, é preciso elucidar que, atualmente, a margarina não é produzida da mesma forma de tempos atrás.
A gordura base para produção desse produto alimentício tem sido, cada vez mais, substituída por fitoesteróis (gorduras benéficas, que têm o poder de reduzir a absorção de colesterol no intestino), ou seja, as gorduras de origem vegetal tidas como saudáveis presentes em alimentos como abacate, castanha de caju, semente de girassol, feijão, legumes e outros.
Estudos e consensos científicos atuais têm desmistificado que a margarina seria a pior opção em termos nutricionais, um exemplo deles é o Diretrizes para Manejos de Dislipidemias: Modificação de Lipídios para Reduzir o Risco Cardiovascular, divulgado no jornal de pesquisa e investigação de aterosclerose.
Hoje em dia, com a alteração no processo de produção da margarina, o teor de gordura trans no produto foi reduzido a quantidades insignificantes ou nulas – com adição de fotoesteróis.
Em contrapartida à margarina, a manteiga é obtida a partir de gordura animal e não apresenta em sua composição fitoesteróis – sendo composta, basicamente, de gorduras saturadas, cujo consumo elevado é prejudicial à saúde cardiovascular.
Para além da discussão, outra pesquisa sobre gorduras e arterosclerose do Serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, publicada nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, concluiu: margarina é menos prejudicial do que manteiga.
Evidentemente, não é porque um produto pode apresentar mais benefícios em relação ao outro que podemos abusar de sua quantidade. Logo, é importante lembrar que tanto a manteiga quanto a margarina são gorduras e, por isso, a ingestão sempre deve ser feita de forma controlada. Em doses pequans, você pode consumir, inclusive, a sua manteiguinha favorita, mas isso não a torna superior em termos nutricionais à margarina.
De fato, a informação vem para desmistificar a questão e não para incentivar um consumo excessivo, já que, para buscar saúde, a matriz sempre será a mesma: priorizar a base da alimentação a partir de alimentos ricos em fibras como vegetais, frutas, cereais integrais e leguminosas.
Outro ponto de atenção é que algumas marcas de margarina podem não ter atualizado sua composição, mas elas são a minoria do mercado. Antes de conceitos leigos, devemos dar vez à ciência. Agora, sobre gosto, não se discute.
