O ponto final da dengue? 4 curiosidades sobre a vacina brasileira

Especialistas dizem que uma vacina brasileira para a dengue, em dose única, poderia estar disponível para o público nos próximos anos

atualizado 26/03/2017 22:11

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Osnei Restio/ Prefeitura de Nova Odessa

Com um cenário político tão intenso, poucas certezas andam permeando a vida dos brasileiros ultimamente. Mas tão certo quanto as reviravoltas, é de que, todos os anos, sobretudo na época de chuva, a TV vai falar incessantemente sobre prevenção de dengue, mortes por dengue, novas descobertas acerca da dengue e a importância de exterminar o mosquito da dengue.  

Compreensível. A doença mata, anualmente, 25 mil pessoas no mundo. Antes presente apenas em países pobres — pela ocorrência majoritária no hemisfério sul –, a Organização Mundial da Saúde estima que hoje 50% de toda a população do planeta esteja sob risco de contrair o vírus. No Brasil, é considerado hiperendêmico, ou seja, todo mês é mês de dengue. Todo ano também.

A má notícia é que não há ainda tratamento antiviral específico para a doença. A boa, é que desde o final de 2015 existe uma vacina contra ela que, quando foi aprovada, em dezembro, virou assunto entre pacientes e médicos. Pudera: uma vacina que previne a dengue só não era mais esperada que a que evita o câncer. Só este ano, o Brasil já registrou 48.177 casos da doença. Em 2016, foram 1,5 milhão de registros.

 

Venilton Kuchler/ANPr

Na última quinta-feira (23/3), a Sociedade Brasileira de Imunizações reuniu em São Paulo especialistas da área para debater mudanças e perspectivas em algumas vacinas, como a da febre amarela — o Ministério da Saúde estuda incluí-la no calendário infantil, de crianças de 9 meses a 4 anos a partir do ano que vem — e a da dengue. O Brasil foi o terceiro país do mundo a carimbar a distribuição da imunização, por enquanto em clínicas particulares. Os próximos anos, no entanto, prometem boas novidades. Confira cinco fatos e curiosidades sobre a vacina da vez:

1. Flerte antigo
Homem e dengue travam há anos uma batalha. As primeiras tentativas de vacina começaram em 1945. Segundo a médica Consuelo Silva de Oliveira, pesquisadora do Instituto Evandro Chagas e presente no evento, isso é por causa da natureza do vírus, chamado “RNA”, o que significa que ele sofre constantes mutações, como o da gripe. “É um vírus complexo e existem quatro sorotipos dele em circulação. Uma boa vacina deveria proteger contra todos eles”, disse no evento.

2. Vacina na área
O Brasil foi o terceiro país do mundo a aprovar a vacina, atrás de México e Filipinas, em dezembro de 2015. Hoje, ela é distribuída em outros oito países além desses. Por enquanto, ela está disponível nas clínicas particulares a R$ 280 cada dose para pacientes de 9 a 45 anos

O esquema pede três doses, com intervalo de seis meses entre cada uma. Gestantes e mulheres amamentando não podem tomar a vacina. O Ministério da Saúde só deve incluir a imunização no calendário nacional depois de avaliado o custo-benefício da vacina. Por conta própria, o estado do Paraná passou a distribui-la de graça em agosto do ano passado.

iStock

3. Boa contra a dengue grave
A vacina disponível hoje no mercado tem menos eficácia do que alguns especialistas esperavam. Em 25 meses de chamada “fase ativa”, mostrou 66% de eficácia na proteção, mas preveniu boa parte das hospitalizações: 80%. A melhor performance, até agora, foi na prevenção da forma grave da doença, antigamente chamada “hemorrágica”: 93%. Desde que passou a ser usada no Brasil, nenhum caso de reação adversa grave foi registrado.

4. Dose única brasileira
Hoje, apenas um laboratório no mundo, o Sanofi Pasteur, é licenciado para fabricar a vacina. O Brasil está na corrida para quebrar a concorrência. O Instituto Butantan, em São Paulo, já tem uma estudo em fase 3 — a última etapa antes da aprovação — e espera estar com o produto pronto até o ano que vem. Os especialistas presentes no evento são mais céticos — se tudo correr bem, talvez em três anos.

iStock

Atualmente o Instituto recruta voluntários para o teste em humanos, tarefa bastante árdua. Hoje, são 17 mil pessoas de 2 a 59 anos de idade testando a vacina em 13 cidades brasileiras.

A vacina do Butantan, assim como a gringa, também seria com o vírus da dengue atenuado e quadrivalente (protege contra os quatro sorotipos circulantes), mais ousada, porém: em vez de três doses, uma única aplicação protegeria o indivíduo. Consuelo de Oliveira acredita que a vacina em única dose seria uma grande evolução na prevenção da doença — desde que observados os critérios de eficácia da vacinação neste protocolo.

5. Febre amarela, é você?
A vacina em uso hoje usa como “esqueleto” a vacina contra a febre amarela, transmitida também pela fêmea do Aedes aegypti. O “parentesco”, no entanto, gera confusão. “As pessoas perguntam se ela pode causar febre amarela ou se protege também contra a febre amarela. Não, ela não mostrou indução de casos da doença e não, essa vacina não protege contra a febre amarela”, frisa Consuelo de Oliveira, do Evandro Chagas.

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