Vaca louca: saiba quais são os perigos da doença para a sua saúde

Doença rara em bovinos foi confirmada no Brasil, e pode ser transmitida para humanos por meio da ingestão de carne contaminada

atualizado 23/02/2023 15:43

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Imagem mostra boi marrom DejaVu Designs/Freepik

Nessa quarta-feira (22/2), a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) confirmou um caso positivo para a encefalopatia espongiforme bovina, conhecida popularmente como “mal da vaca louca”, em uma pequena fazenda de gado no Pará.

A condição neurodegenerativa, que é considerada muito rara mesmo em bovinos, pode contaminar humanos — nesse caso, é identificada como doença de Creutzfeldt-Jakob variante. No Brasil, nunca foi confirmado nenhum caso do mal da vaca louca em seres humanos. Até 2022, no mundo inteiro, apenas 232 pacientes foram diagnosticados com a condição e, nos últimos seis anos, não foram detectadas infecções.

A neurologista Jerusa Smid, secretária geral da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), explica que existem quatro tipos da doença de Creutzfeldt-Jakob: a esporádica, que está relacionada ao processo degenerativo em indivíduos idosos; a genética; a que acontece por contaminação em procedimentos médicos; e a variante, causada pelo consumo de carne contaminada. Cerca de 90% dos casos acontece espontaneamente e, ainda assim, a doença é considerada rara — são cerca de dois casos a cada milhão de habitantes no mundo a cada ano.

Por volta de 10% dos casos restantes são genéticos, e os diagnósticos por contaminação médica ou consumo de carne representam menos de 0,01% dos pacientes com a doença. “A doença secundária à ingesta da carne contaminada, então, é extremamente rara, e só aconteceu em um surto no Reino Unido no início dos anos 2000 causado por ração contaminada”, aponta.

Em bovinos e caprinos, a doença é causada por uma proteína chamada príon, que pode ser transmitida por meio da ração de farinha contendo carne e ossos de animais contaminados (itens proibidos no Brasil), ou pela mutação espontânea da proteína. Os príons se acumulam no cérebro, causando pequenas bolhas e consequente morte das células do órgão.

A doença neurológica só pode passar para humanos por meio do consumo de carne contaminada, situação rara por conta da vigilância sanitária e controle de qualidade do alimento. Assim como outras demências, os principais sintomas são psiquiátricos (como ansiedade e depressão) que logo evoluem para perda de memória, dificuldade para falar e caminhar, tremores e visão turva.

De acordo com o Manual MSD, não existe cura pra esse tipo de doença, e a maioria dos pacientes morre em quatro meses a um ano depois do diagnóstico — o óbito normalmente acontece por pneumonia causada pela dificuldade no funcionamento dos músculos que controlam a respiração e a tosse. O tratamento disponível apenas alivia alguns dos sintomas.

O ministro da Agricultura e Pecuária Carlos Fávaro afirmou, nesta quinta (23/2), que o caso da doença no Pará parece ser atípico, decorrente do envelhecimento dos animais, e não indica risco para a saúde pública.

“Todas as providências estão sendo adotadas imediatamente em cada etapa da investigação, e o assunto está sendo tratado com total transparência para garantir aos consumidores brasileiros e mundiais a qualidade reconhecida da nossa carne”, ressaltou, em nota.

A neurologista Jerusa explica que a população não precisa se preocupar com a possibilidade de ter a doença, uma vez que o caso detectado no Pará parece ter acontecido pelo envelhecimento do gado, e não por ração contaminada.

“Só teria risco se a carne dessa vaca específica fosse ingerida, mas isso não acontece. Primeiro porque a vigilância sanitária detecta esses casos, e segundo que o gado normalmente é abatido muito antes de ter chance de desenvolver a versão esporádica da doença. É muito raro. Só deveríamos nos preocupar se houvesse uma contaminação maciça do gado através da ingesta de ração contaminada”, afirma.

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