Uma pesquisa feita pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, em parceria com o hospital VA Ann Arbor Healthcare System, descobriu que os pacientes que tiveram Covid-19 tinham mais chance de voltar ao hospital após 10 dias de alta do que os que foram internados por causa de doenças cardíacas ou pneumonias não relacionadas ao vírus.
De acordo com o trabalho, pessoas internadas por coronavírus têm um risco de 40% a 60% maior de voltar ao hospital ou morrer nos primeiros dez dias quando comparados a pacientes tratados nos mesmos hospitais durante o mesmo período por insuficiência cardíaca ou pneumonia. A pesquisa foi publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA).
Ao final de 60 dias, o risco geral de readmissão ou morte dos pacientes infectados por Sars-CoV-2 foi menor do que para insuficiência cardíaca ou pneumonia. Ainda assim, nos primeiros dois meses, 9% dos pacientes infectados pelo coronavírus que sobreviveram à primeira internação morreram e quase 20% sofreram um contratempo que os mandou de volta ao hospital.
O estudo incluiu pacientes com todas as três condições cuja internação hospitalar começou no período de 1º de março a 1º de junho e deixaram o hospital antes de 1º de julho. “Ao comparar os resultados de longo prazo dos pacientes Covid-19 com os de outros pacientes gravemente enfermos, vemos um padrão de risco ainda maior do que o normal logo nas primeiras duas semanas, o que pode ser um período arriscado para qualquer pessoa”, analisou John P. Donnelly, principal autor do estudo e epidemiologista do Departamento de Aprendizagem de Ciências da Saúde da Universidade de Michigan.
Os voluntários da pesquisa eram veteranos do exército norte-americano. Cerca de 95% dos participantes eram do sexo masculino e 50% eram negros. Quase metade dos veteranos com idades entre 70 e 80 anos morreu nos primeiros 60 dias após receber alta do hospital.
Agora, a equipe de pesquisadores pretende usar o estudo para projetar melhores planos de alta para ex-pacientes de Covid-19. Adaptação da comunicação e atendimento pós-hospitalar às necessidades específicas desses pacientes, bem como treinar cuidadores para lidar com as especificidades do pós-tratamento, estão entre as propostas dos estudiosos.
Para o pesquisador Theodore Iwashyna, que também fez parte do grupo de pesquisadores, o trabalho é mais uma evidência de que os problemas causados pelo coronavírus não se encerram assim que o paciente recebe alta do hospital. “Muito pouco de nosso sistema de saúde e pesquisa é voltado para ajudar estes pacientes nos dias, semanas e até meses após a recuperação de Covid-19”, defendeu.
