Nas últimas semanas, novas variantes do coronavírus (cepas que sofreram mutações) têm sido motivo de preocupação para especialistas. No Reino Unido, por exemplo, foi instaurado um novo lockdown para conter a variante britânica, mais transmissível do que o vírus que circulava até então.
De acordo com um estudo ainda não publicado em revista científica (e, por isso, ainda não revisado por especialistas), mas disponível em versão pré-print no site bioRxiv, essas novas variantes que sofreram mutações dificultam a ligação entre o vírus e os anticorpos.
Os pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, analisaram cepas brasileiras e sul-africanas que sofreram mutações e usaram soro de anticorpos de 17 pacientes convalescentes para verificar como funciona a defesa do organismo contra o ataque do vírus.
Eles descobriram que as mutações que acontecem no local chamado de E484 são as mais problemáticas, uma vez que é o destino das células de defesa do corpo que normalmente combatem a Sars-CoV-2. Os anticorpos que atacam vários locais ao mesmo tempo têm mais sucesso ao neutralizar a ameaça.
Em uma comparação, as variantes da África do Sul e Brasil, segundo os cientistas, têm a mutação E484K e podem ter a susceptibilidade à neutralização por alguns anticorpos policlonais reduzida (mas não eliminada). Em contrapartida, a variante do Reino Unido possui outro tipo de mutação, que não parece mudar a forma como o corpo se defende, apesar de aparentar ser mais transmissível.
Porém, os próprios pesquisadores apontam que o estudo têm várias limitações: uma delas é estudar apenas as mutações que acontecem no domínio de ligação ao receptor (RBD), e “superestimam” a ação dos anticorpos neste tipo de amostra. Também não foram mapeadas as mudanças na proteína spike inteira, apenas em uma seção.