Médico de Harvard: “Cientistas estão angustiados com Covid no Brasil”

Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, epidemiologista Bill Hanage afirma que variante P.1, encontrada em Manaus, é uma ameaça global

atualizado 08/03/2021 18:12

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coronavírus covid sars-cov-2 vírus 2 Getty Images

Epidemiologista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard, o pesquisador americano Bill Hanage critica a forma como o governo brasileiro lida com a pandemia. Na opinião dele, a falta de controle no país e a prevalência da variante P.1 representam um perigo não só para o Brasil, mas para o mundo.

“Cientistas americanos estão angustiados com a situação no Brasil”, afirmou, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo. “A P.1 é uma ameaça global semelhante às outras variantes, mas pode ser pior. A situação é agravada por uma reação governamental que é uma desgraça para a saúde pública e representa uma ameaça para todos nós.”

O especialista ainda faz uma observação preocupante sobre o momento em que vivemos. “Todas as vezes que se permite que a infecção prolifere, é como se estivesse comprando para o vírus um bilhete de loteria.”

Como o senhor avalia a proliferação do vírus no Brasil? Ela preocupa o resto do mundo?

Cientistas americanos estão preocupados com o Brasil pelo menos desde o início de janeiro. Eu comecei a me preocupar antes, quando a situação piorou em Manaus. O surgimento da P.1 é uma ameaça global semelhante às outras variantes, e pode até ser pior que elas. Pode ser mais transmissível, mais virulenta, mais capaz de escapar da imunidade ou alguma combinação dos três. A situação é agravada por uma reação governamental que é uma desgraça para a saúde pública e representa uma ameaça para todos nós.

Alguns cientistas têm alertado que o Brasil pode se tornar um celeiro de variantes. Você concorda com essa afirmação?

Apesar de uma dessas variantes, em teoria, poder emergir em qualquer lugar, as chances aumentam quanto mais infecções são permitidas. Qualquer lugar que permita muita transmissão torna mais provável que surjam mais variantes. Quando foi identificada a B.1.1.7 (variante com diversas mutações, como a P 1, que surgiu no Reino Unido no auge da segunda onda), eu comentei que era muito improvável que isso acontecesse na Nova Zelândia. Outra maneira de pensar nisso é que toda vez que você permite uma infecção, você compra um bilhete de loteria para o vírus.

Alguns estudos já indicam que a P.1 é mais transmissível, mas só isso seria o bastante para provocar o atual caos no Brasil?

A situação em Manaus é difícil de explicar de qualquer outra forma, além de sugerir que a P.1 tem propriedades de combinação muito desagradáveis. Mas a situação geral em termos de intervenção governamental e saúde pública tem sido tão terrível que parte desse aumento de novos casos pode ser devido a isso. Já estamos vendo a P.1 dominando na Colômbia e temos razões para acreditar que a P.1 também pode estar contribuindo para o que está ocorrendo na Bolívia.

O que mais preocupa o senhor neste momento?

O que é muito difícil é que ainda faltam dados para entender todas as dimensões do que está acontecendo. Precisamos saber se a distribuição de casos por idade é diferente com a P.1, se o risco de morte também aumenta com a idade. É urgente conseguir estabelecer se a P.1 é mais transmissível, mais virulenta ou mais capaz de reinfectar.

Qual é a mensagem que essa situação deveria passar para os líderes mundiais?

O horror das doenças infecciosas é que qualquer um que fingir que pode, de certa forma, ignorá-las, acaba sendo mordido no traseiro. As ações do Brasil são perigosas porque elas não só expõem os brasileiros, mas os países vizinhos e o mundo todo. É chocante ver a renúncia de um governante em proteger seus cidadãos, em ser um bom cidadão do mundo. Você sabe melhor do que eu quão terrível é essa situação. E, infelizmente, ela ainda vai durar bastante.

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