Após cerca de 11 meses convivendo com o coronavírus, a comunidade científica continua desvendando o funcionamento do micro-organismo e suas consequências para a saúde do corpo humano.
A grande quantidade de trombos e o aumento nos casos de acidente vascular cerebral (AVC) em pacientes graves mostram que o Sars-CoV-2 também tem efeitos vasculares, apesar de ser, primariamente, um vírus respiratório, e vem intrigando especialistas.
Porém, os pesquisadores estão cada vez mais perto de entender a relação entre o coronavírus e a formação de coágulos. Segundo um estudo feito com 172 pacientes internados com Covid-19 acompanhados por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, cerca de 50% deles produzia desordenadamente anticorpos que podem provocar trombose.
O estudo foi publicado na revista Science Translational Medicine. Os anticorpos também foram isolados em laboratório, onde foi constatada a ativação de neutrófilos, células ligadas à formação de trombos e coágulos.
Os micro-organismos ainda foram injetados em camundongos, que desenvolveram mais coágulos e comprovaram a hipótese dos cientistas.
De acordo com os pesquisadores, a formação desordenada de anticorpos não é o único mecanismo que liga a Covid-19 à trombose, mas é uma informação importante.
Os resultados do estudo podem ser usados como base para determinar quais pacientes precisariam de anticoagulantes durante o tratamento para diminuir as chances de um desenrolar fatal da infecção.
Outra aplicação seria no desenvolvimento de medicamentos específicos, que poderiam evitar a produção descontrolada das células de defesa do corpo.