Coronofobia: quando o medo da Covid passa do limite

Expressão vem sendo utilizada para casos de pessoas que se isolam cada vez mais para evitar contaminação pelo coronavírus

atualizado 31/05/2021 8:06

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Ilustração colorida de saúde mental Getty Images

A pandemia de Covid-19 mexe com a saúde mental. As mortes de pessoas próximas e de celebridades por causa da doença, a expectativa pela vacina, o surgimento de novas variantes e o prazo incerto paras que tudo isso acabe fez muita gente passar a temer ainda mais a infecção pelo coronavírus e tomar medidas drásticas para diminuir as chances de ser contaminado.

Nos atendimentos clínicos do dia a dia, os psicólogos têm notado o crescimento de comportamentos extremos de proteção, que ultrapassam em muito os cuidados necessários para evitar a Covid-19. Para definir a reação exagerada de medo em relação ao vírus, pesquisadores internacionais cunharam, em dezembro de 2020, o termo coronofobia.

A ansiedade grave causada pelo coronavírus provoca comportamentos como: 

Passar álcool gel até a pele das mãos ressecar;
Extrapolar o orçamento do mês com aplicativos de transporte ou optar por um trajeto de quilômetros de bicicleta para evitar o risco de se contaminar;
Só fazer compras de madrugada, quando os mercados estão vazios;
Tirar a roupa antes de entrar em casa, separá-la e mandá-la imediatamente para a lavanderia;
Usar três máscaras de uma vez e luvas toda vez que se sai de casa;
Limpar todas as superfícies incessantemente com álcool;
Dormir em cômodos separados do cônjuge para diminuir as chances de transmissão do vírus.

Disfuncionais
“O medo é normal, ele nos protege. Por isso usamos máscara, lavamos as mãos. Mas esse medo começa a virar doença quando nos tornamos disfuncionais. Esperávamos que a pandemia ia ser resolvida no ano passado e que, em 2021, tudo voltaria ao normal, e não está sendo bem assim. Existe um agravamento da ansiedade que era para ser imediata e, agora, se torna crônica. A doença mental é um bichinho, se você deixa solta, fica selvagem”, explica a psiquiatra Raquel Heep, professora da Universidade Positivo.

Segundo a psicóloga Karla Peres, da clínica Inspiração K, a ansiedade passa a ser preocupante quando o pensamento sobre o assunto fica descontrolado e irracional, há tremedeira, sudorese, angústia, palpitações, insônia e outros sintomas ao pensar na Covid-19. O paciente sente culpa ao realizar algum ritual que sabe ser exagerado, ou não faz sentido nem para ele mesmo.

“Nesses casos, qualquer nariz escorrendo, ou crise alérgica com a mudança do clima, já desencadeia um medo muito grande de estar com a doença. Quando se chega nesse ponto de atrapalhar a rotina, o medo já pode ser considerado uma fobia”, afirma Karla.

A psicóloga, que também é especialista em ansiedade, explica que é preciso autoconhecimento para perceber quando a ansiedade com a Covid-19 passou dos limites e começa a fazer mal para a saúde. Nesse momento, a recomendação é procurar um psicólogo e um psiquiatra para lidar com o problema antes que ele se torne crônico — quanto mais cedo, melhor.

Terapia e, se necessário, medicação, podem ajudar a resolver o quadro. Caso a ansiedade de sair de casa para um encontro presencial seja muito grande, a telemedicina pode ajudar.

Outra dica importante para quem tem sofrido com medo de ser infectado é lembrar que cada um precisa fazer a sua parte, e que não se pode proteger o mundo inteiro sozinho. Investir no próprio equilíbrio emocional, fazendo atividades como meditação e exercícios físicos, se alimentar de forma saudável e dormir bem são ações essenciais para voltar ao eixo e garantir a saúde mental.

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