De acordo com uma pesquisa publicada na revista científica The New England Journal of Medicine, a psilocibina, uma substância presente em cogumelos alucinógenos, tem ação semelhante e ligeiramente melhor do que o antidepressivo escitalopram em pessoas com depressão moderada ou severa. Os cientistas compararam as duas substâncias durante um tratamento de seis semanas em 59 pacientes.
Os níveis de depressão diminuíram nos dois grupos, mas de forma mais rápida e melhor no grupo que tomou a psilocibina. Os pacientes tomaram duas doses de psilocibina em um intervalo de seis semanas, e foram medicados com placebo diariamente durante a duração do estudo. O outro grupo que tomou o antidepressivo diariamente de uma dose considerada baixa do medicamento.
“Um dos principais aspectos desse estudo é que as pessoas podem ver claramente a promessa da terapia, acompanhada por profissionais, da psilocibina comparada com uma terapia mais familiar”, explica Robin Carhart-Harris, pesquisador do Imperial College, de Londres, responsável pelo levantamento.
Os participantes tiveram acompanhamento psicológico, e foi documentada melhora na habilidade de sentir prazer e expressar emoções, redução da ansiedade e dos pensamentos suicidas, além de aumento nos sentimentos de bem-estar. A redução dos sintomas da depressão foi de 57% no grupo que tomou a substância contra 28% entre os que receberam o antidepressivo. Os pacientes também se mostraram mais abertos para conversar sobre a depressão e as emoções associadas ao quadro.
Apesar dos bons resultados, os cientistas consideram que ainda é necessário usar a substância em testes maiores, com um grupo de controle que tome placebo. A maioria dos participantes é homem, branco e com nível mediano a alto de escolaridade.
Eles também alertam que a população não deve tentar usar qualquer cogumelo sem orientação para tratar a depressão: a substância usada no estudo foi isolada e é administrada em dose específica, seguindo um protocolo clínico.
