São Paulo — Um guarda civil metropolitano de São Paulo (GCM) é acusado de sacar um revólver dentro da Universidade de São Paulo (USP), na zona oeste da cidade, nessa quinta-feira (17). Houve tumulto e dois jovens ficaram feridos.
Estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) acusam o GCM Marcelo Ferreira da Silva, que estava fora do horário de trabalho, de apontar a arma em direção ao grupo (veja abaixo). Ele pertence aos quadros da Inspetoria da Câmara Municipal de São Paulo, e foi designado para escolta do vereador Fernando Holiday (PL).
No momento do tumulto, o guarda acompanhava Lucas Pavanato, influenciador e suplente de deputado estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Pavanato, que também é filiado ao Partido Liberal, diz que foi ao local para gravar um vídeo “conversando com os estudantes”. Segundo ele, o objetivo era fazer uma “brincadeira que consistia mostrar imagens das figuras históricas para os alunos reconhecerem”.
Pavanato é um influencer de direita conhecido por fazer provocações a políticos e militantes de esquerda em eventos públicos. As interações são registradas em vídeos e postadas em suas redes sociais.
Um vídeo que circula nas redes mostra Pavanato cercado por estudantes da USP, que entoam gritos como “Recua, fascista” e “Vaza daqui”. Há uma discussão no momento em que o influenciador é retirado da universidade e, logo depois, o GCM saca a arma.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), PMs foram acionados para atender a ocorrência. Eles relataram que, “no momento da briga, um dos guardas teria sacado uma arma na tentativa de conter os estudantes, porém não chegou a atirar”.
A SSP informou que dois jovens, de 18 e 25 anos, ficaram feridos. A arma do agente foi apreendida e foram solicitados exames ao Instituto Médico Legal (IML). De acordo com a SSP, os laudos estão em elaboração e, assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial.
Escolta de vereador
De acordo com a Câmara Municipal, o GCM Marcelo pertence aos quadros da Inspetoria da Casa. Ele foi designado para a escolta do vereador Fernando Holiday (PL) com autorização da Presidência, seguindo pedido feito pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.
Em nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana informou que o caso foi encaminhado para apuração da Corregedoria Geral da Guarda Civil Metropolitana.
Pavanato afirmou à reportagem que o GCM era seu “amigo” e que os estudantes o “expulsaram na base da violência, além de tentarem furtar o celular de quem estava gravando”. Ele alega que foi ferido junto com outra pessoa de sua equipe.
“É absurdo que jovens custem cerca de R$ 6 mil por mês ao Estado e desperdicem esse dinheiro fazendo baderna”, concluiu, em nota.
O que diz a USP
A USP cobrou uma ação da polícia para que “casos assim não se repitam”. “A Universidade de São Paulo repudia veementemente a ação de um grupo externo à universidade que ameaçou, com uma arma, estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), dentro do campus da USP, em São Paulo”, afirmou a universidade.
A instituição acrescentou que “esse tipo de atitude é inaceitável em qualquer ambiente civilizado. Dentro de uma Universidade, o ato infame se reveste de uma simbologia que atenta contra o espírito essencial da busca do conhecimento e da sabedoria”.
