São Paulo — O empresário do ramo da construção Maxwell Pereira da Silva, de 30 anos, apontado como comparsa do chefe de investigações Cléber Rodrigues Gimenez em um esquema de lavagem de dinheiro — resultante da venda de cargas de drogas desviadas de apreensões da Polícia Civil — foi flagrado com R$ 400 mil escondidos em caixas, no dia em que foi preso, no fim de janeiro.
O montante estava fragmentado em notas de pequeno valor, indicando que a suposta origem delas seria de “biqueiras” — locais onde drogas são comercializadas por traficantes. Na ocasião, também foram localizados R$ 2,5 milhões em um carro Dodge Ram, pertencente ao empresário, no qual havia também grande quantidade de droga.
Denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), afirma que Maxwel mantinha “intensas relações financeiras” com Cléber Gimenez e outros membros da quadrilha.
Mesmo sem o flagrante com o dinheiro e as drogas, Maxwell já seria preso, em cumprimento a um dos quatro mandados de prisão expedidos pela Justiça contra ele, Cauê Mendes Parro e os policiais civis Cléber Gimenez e Thiago Gonçalves de Oliveira, no último dia 23. Todos seguiam atrás das grades, até a publicação desta reportagem.
Milhões em drogas
Eles são apontados, de acordo com investigação da Corregedoria da Polícia Civil, como integrantes de uma quadrilha, composta por policiais corruptos e por criminosos, a qual movimentou milhões de reais desviando cargas, principalmente de cocaína, e comercializando-as com traficantes internacionais.
Na ocasião de sua prisão, Cléber Gimenez chefiava as investigações do 77º DP (Santa Cecília), no centro da capital paulista. Investigação da Corregedoria indica que ele levava as cargas desviadas, geralmente cocaína, para um galpão no Bom Retiro, ainda no centro paulistano, onde eram substituídas por talco ou gesso, por exemplo.
Somente nas contas bancárias dele, em cinco anos, foram movimentados R$ 81 milhões.
Com a ajuda de ao menos um perito do Instituto de Criminalística a carga, não entorpecente, era constatada como droga pura e apreendida oficialmente em distritos policiais — deixando o caminho livre para que a cocaína desviada fosse vendida para criminosos.
Delegada é afastada por suspeita de envolvimento com tráfico de drogas
Como revelado pelo Metrópoles, a delegada titular do 77º DP, Maria Cecília Castro Dias, foi afastada de sua função, na tarde de sexta-feira (7/2), também suspeita de envolvimento na quadrilha de policiais civis que desvia cargas de drogas para, posteriormente, vendê-las a traficantes.
A investigação ainda aponta Elvis Cristiano da Silva, de 54 anos, atual chefe de investigações da 1ªSeccional — a qual coordena todas as delegacias da região central paulista — como supostamente envolvido no esquema, além de também vender cadeiras de chefia nos distritos policiais a ele subordinados.