Motoqueiros espancam usuários para expulsar “minicracolândia”. Vídeo

Moradores do Jardim Tremembé, na zona norte de SP, se organizaram em grupos de motoqueiros para caçar e expulsar dependentes químicos

atualizado 12/01/2025 14:41

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São Paulo — Moradores do Jardim Tremembé, bairro periférico da zona norte da capital, estão incomodados com novos habitantes da região. Na semana passada, dependentes químicos tomaram as ruas da região, trazendo a sensação de insegurança para residentes e comerciantes — que relatam ataques às lojas.

Até o momento, a chegada dos usuários de drogas não foi esclarecida. Moradores afirmam que eles teriam sido trazidos por uma van. A Prefeitura Municipal diz investigar essa hipótese e não compactuar com a conduta.

Outros residentes dizem que a migração teria ocorrido após a interrupção na venda de drogas K em bairros da zona leste. A hipótese também não foi confirmada.

Irritados, residentes da região têm se organizado para tentar expulsar os moradores, por meio do que ficou conhecido como “çaça-noia”. “Bondao 23h na porta do [Supermercado] Ourinhos para pegar os noia da leste que veio pra quebrada! Agita! Os motoca vão acabar com isso”, dizia um mensagem compartilhada em grupos do bairro.

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Periferia da zona norte de São Paulo
Post no Instagram denuncia concentração de dependentes químicos
Dependente químico caído no solo
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Periferia da zona norte de São Paulo
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Periferia da zona norte de São Paulo

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No início da semana, eles percorreram as ruas da região, de moto ou a pé, agredindo os dependentes químicos que encontravam pelo caminho com socos, chutes e pauladas. A ação foi registrada em vídeo e divulgada nas redes sociais.

“Pega! Pega noia! Os noia tá correndo mais do que moto (sic)”, diz um homem que filma as agressões, enquanto dirige a sua moto. “Pode vir tropa, tá pegando todo mundo aqui para exemplo. Os polícia tá deixando bater (sic)”, afirma outro.

“Os caras não estão para brincadeira. Pegaram os noias mesmo, foi um bom bonde de mais de 80 moleques. Agora esses noias vão embora”, afirma um homem que grava as agressões da calçada.

Assista:

Em alguns dos vídeos feitos por moradores, é possível ver policiais militares próximos aos locais onde ocorreram a agressão. Em um dos vídeos, é possível ouvir uma pessoa dizendo que os PMs estariam “deixando bater”.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), um inquérito policial foi instaurado no 20º Distrito Policial para apurar o caso, com apoio da 4ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco).

A gestão municipal diz acompanhar a aglomeração de usuários de drogas na região desde outubro e que faz “ações de busca ativa” para identificá-los. No último dia 8/1, uma reunião foi realizada na Subprefeitura de Jaçanã com a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana para discutir o tema. O bairro contra com reforço das equipes de segurança.

“Caça-noia” irrita PCC

A ação dos moradores que decidiram fazer justiça com as próprias mãos irritou os traficantes do bairro, preocupados com a perda dos “novos clientes”.

A reportagem apurou que membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) estão tentando identificar todos os responsáveis pelas agressões para puni-los. A ideia seria submetê-los ao “tribunal do crime”.

“Não vai morrer, mas vai apanhar, levar um cacete”, disse um integrante da facção durante uma conversa testemunhada pela reportagem. “Nós só queremos ganhar dinheiro”.

A orientação dos criminosos para o moradores é que o linchamento só está autorizado caso o usuário seja pego roubando, como diz uma faixa colocada próxima a um dos pontos de venda de drogas: “Sujeito a cacete. Se for pego roubando, será cobrado à altura”. Para os traficantes, os motoqueiros que agrediram os dependentes químicos teriam “generalizado”.

“Nunca vi isso”

Morador do Jardim Tremembé, Ivaldo Batista, de 39 anos, diz que os usuários de drogas que passaram a habitar o bairro costumam caminhar em grandes grupos. Segundo ele, quando voltava para casa no último dia 7, se deparou com mais de 20 pessoas.

“Estava voltando para o trabalho, subindo aqui, e me deparei com mais de 20 pessoas usuárias de drogas. Me assustei, eu nunca tinha visto isso aqui. Muitas vezes são pessoas novas, se perdendo nas drogas. É muito triste”, afirma ao Metrópoles.

“A sensação que isso traz é de insegurança, medo. Você não pode nem abrir um comércio, porque é capaz de eles estarem em abstinência, entrar e roubar. Pode acontecer”, acrescenta.

Dispersão da Cracolândia

Durante o ano de 2024, a concentração de dependentes químicos na esquina da rua dos Protestantes com a Rua dos Gusmões, núcleo da Cracolândia no centro da capital, caiu drasticamente.

Enquanto isso, surgiram novos pontos de aglomeração dos usuários, no entorno da região, como as esquinas da Avenida Rio Branco com a General Osório e com a própria Rua dos Gusmões.

O aparecimento dos novos pontos de venda droga ocorreu após a instalação, em junho do ano passado, de grades no em torno do epicentro de Cracolândia.

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