Metade da cocaína apreendida pela Receita estava no Porto de Santos

Escondida em cargas e nos cascos de navios atracados, droga seria despachada pelo PCC, por via marítima, para países da Europa e da África

atualizado 14/04/2024 9:57

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imagem colorida porto de santos Divulgação/SPA

São Paulo — Um balanço inédito da Receita Federal (RF) revela que, em um período de cinco anos, 48% da cocaína apreendida pelo órgão em todo o território nacional estava no Porto de Santos, o maior abaixo da linha do Equador e o principal escoadouro do tráfico internacional de drogas do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Os dados exclusivos, aos quais o Metrópoles teve acesso, mostram que, entre 2019 e o ano passado, a Receita apreendeu 87.7 toneladas de cocaína — a droga estava escondida em cargas e, também, submersa nos cascos de navios atracados no litoral paulista.

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A cocaína tinha como principais destinos países da Europa como Itália, França, Bélgica e Suécia —, além de nações africanas como Nigéria, Marrocos, África do Sul e até do Oriente Médio.

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Considerando apenas as operações do ano passado, a Receita apreendeu 7.142 toneladas de cocaína no porto paulista, o equivalente a 44,68% de todo o volume da droga tirada de circulação no país em 2023.

Márcia Cecília Meng, superintendente da Receita Federal de São Paulo, explica que, além de um órgão de tributação, a RF também funciona como um “órgão aduaneiro”. “Nossa preocupação é nos engajarmos nesse tipo de ação [combate ao tráfico de drogas], fornecendo todos os dados necessários para que os suspeitos sejam punidos corretamente.”

Ela destaca a necessidade de realizar trabalhos coordenados com as forças de segurança para inibir as ações de traficantes internacionais.

“Se não tivermos ações integradas e coordenadas, que asfixiem o fluxo financeiro e identifiquem as pessoas envolvidas [no tráfico internacional], não tem como darmos conta do fluxo de drogas que saem dos portos e aeroportos. É um problema bastante sério para a Receita Federal.”

A ação conjunta mais recente da RF, feita com o Ministério Público (MPSP) e as polícias de São Paulo, resultou na prisão de dirigentes de empresas de ônibus, suspeitos de contribuir para a lavagem de milhões de reais do PCC na capital paulista.

Lucro bilionário

O Porto de Santos se destaca pelas grandes apreensões de cocaína feitas pela Receita ao menos desde 2013, quando 76,59% de toda a droga apreendida no país estava no litoral paulista.

No decorrer de uma década, as apreensões oscilaram, mas nunca ficaram abaixo de 41% — também não superaram o percentual de 2013.

Como revelado pelo Metrópoles, o tráfico de cocaína para a Europa, por meio do Porto de Santos, rende um faturamento anual superior a R$ 10 bilhões para o PCC, seus líderes e parceiros comerciais, segundo estimativa do MPSP.

À frente de investigações sobre a maior facção criminosa do país há quase 20 anos, o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), afirma que as seis toneladas de cocaína que a Polícia Federal (PF) apreendeu no Porto de Santos em 2023 representam 10% do que os criminosos conseguem despachar anualmente em navios para o continente europeu — ou seja, 60 toneladas.

Na ocasião, segundo Gakiya, o quilo da cocaína era comprado na Bolívia por, no mínimo, US$ 1.200 (cerca de R$ 6.096 em valores de hoje) e vendido do outro lado do Oceano Atlântico por 35 mil euros (aproximadamente R$ 189,7 mil), em média.

Na cotação da época, de acordo com o MPSP, as 60 toneladas da droga que chegavam à Europa rendiam à organização criminosa cerca de R$ 11 bilhões ao longo do ano.

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