São Paulo — Em assembleia realizada na noite desta terça-feira (25/3), na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil (STEFZCB), no Brás, região central da capital paulista, os ferroviários das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) decidiram cancelar a greve prevista para ocorrer a partir da 0h desta quarta-feira (26/3). Foram 23 votos contrários à greve e outros 20 a favor da paralisação — motivada pela concessão das três linhas para a iniciativa privada –, além de quatro abstenções.
Na reunião, ferroviários e apoiadores aceitaram a “cláusula de paz” oferecida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2). Após a assembleia, a categoria deverá comunicar o TRT-2 sobre a decisão, em audiência que será realizada de forma presencial na sede do Tribunal, ainda nesta terça. A CPTM já confirmou, em nota à imprensa, que a operação vai funcionar normalmente, nesta quarta.
Assembleia teve momentos de tensão
Com gritos contra o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e contra as privatizações das linhas, a reunião contou com centenas de apoiadores que, segundo relatos dos trabalhadores presentes ao encontro, também vieram de outros estados. A conversa definitiva foi feita entre os próprios ferroviários. Veja:
Antes da votação, um conflito entre o líder dos ferroviários e o líder dos metroviários debatendo a participação de apoiadores na votação esquentou os ânimos entre os participantes da reunião.
Ferroviários favoráveis à greve devem fazer um abaixo-assinado no qual alegam que a assembleia feriu o estatuto do sindicato, pois não reuniu 2% dos sindicalizados. Caso obtenha 300 assinaturas, o grupo provocará uma nova assembleia — que deverá ser marcada para a próxima quinta (27/3) e com expectativa de começar a greve a partir da 0h de sexta (28/3).
Reunião de conciliação no TRT-2
Horas antes da assembleia, durante a tarde dessa terça, a categoria havia participado de audiência de conciliação no TRT-2. Os ferroviários analisaram a cláusula de paz temporária, sugerida pelo vice-presidente judicial do Tribunal, desembargador Francisco Ferreira Jorge Neto.
Pela proposta, a paralisação será suspensa até próxima sexta-feira (28/3), data marcada para o leilão das linhas na Bolsa de Valores (B3) de São Paulo. Enquanto isso, os empregados seriam autorizados a fazer assembleias nas estações para conscientizar a população sobre as ameaças aos postos de trabalho que entendem haver com a concessão das linhas. O sindicato propôs que os trabalhadores usem vestimentas de cor preta nesses dias como forma de protesto, o que foi aceito pela empresa.
Aprovada, a proposta vale de 0h de quarta (26/3) até às 23h59 de sexta (28/03) e prevê o comparecimento normal dos trabalhadores em seus postos durante esse período.
Já a CPTM se compromete a acionar o Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (Paese); deixar à disposição trabalhadores da área administrativa para apoio nas estações; e remanejar as linhas 7-Rubi e 10-Turquesa para o transporte dos passageiros.
Além disso, com a concordância das partes, houve a conversão do processo para dissídio coletivo de greve e foi concedido prazo de 24 horas para a empresa aditar a petição inicial e, ato contínuo, 48 horas para o sindicato apresentar a defesa e a pauta de reivindicações.
Por fim, o desembargador Francisco Ferreira Jorge Neto reforçou que a greve é direito constitucional, cabendo aos trabalhadores decidir a oportunidade, o motivo e o momento deste exercício, observadas as regras legais.