São Paulo — O semáforo fechado na região da Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, impediu que uma tragédia maior acontecesse na manhã desta sexta-feira (7/2), quando um avião de pequeno porte caiu na via, analisa Gerardo Portela da Ponte Junior, engenheiro especialista em gerenciamento de riscos e segurança.
O acidente ocorreu por volta das 7h20 em uma região de fluxo intenso. Apesar disso, a aeronave caiu em uma via sem trânsito, graças ao semáforo fechado. Veja um vídeo que mostra esse momento:
Ainda assim, após cair, o avião colidiu contra um ônibus. Uma das passageiras relatou nas redes sociais ter caído em cima das pessoas, com o desespero, e visto o fogo ao redor do veículo.
Para Gerardo, a lacuna que o piloto encontrou na avenida, sem trânsito no momento da queda, evitou uma tragédia maior.
“Esse acidente poderia ter sido muito mais grave se o sinal estivesse aberto, se não houvesse aquela lacuna naquele momento e ele tivesse que fazer o pouso mesmo assim em meio aos carros em movimento”, disse ao Metrópoles.
Segundo o especialista, este é um grande alerta na sequência de acidentes que estamos tendo.
“Uma oportunidade de melhoria que começaria com uma avaliação a respeito da supervisão, do cumprimento das normas de aviação privada no Brasil e a operação de aeroportos críticos inseridos dentro das grandes cidades ou mesmo nas cidades pequenas, mas com um entorno muito densamente povoado e também marcado pela presença de estradas e avenidas”, explicou.
Aeroportos em áreas com muitos habitantes têm mais riscos
Conforme o profissional, aeroportos dentro de áreas densamente habitadas, como o Campo de Marte, de onde decolou a aeronave, “são críticos e precisam ter uma supervisão aumentada”.
“O regramento atual é bastante complacente em relação aos voos privados, diferentemente da aviação comercial, que é muito mais fiscalizada”, analisa.
Do ponto de vista do especialista, convém avaliar se esses aeroportos dentro de grandes cidades e a própria aviação privada, que representa 80% dos acidentes aeronáuticos no Brasil, estão adequados “à nova realidade de quantidade de voos e aeronaves”.
O que aconteceu
- Uma aeronave de pequeno porte caiu na manhã desta sexta-feira (7/2) na avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo.
- O acidente aconteceu por volta das 7h20, próximo aos centros de treinamento do Palmeiras e do São Paulo.
- Segundo o Corpo de Bombeiros, os dois ocupantes da aeronave morreram carbonizados, sendo o piloto, Gustavo Medeiros, e o advogado gaúcho Márcio Louzada Carpena, dono do avião.
- O avião, um modelo King Air F-90 com capacidade para oito passageiros, decolou do aeroporto Campo de Marte, na zona norte da capital, com o piloto e o advogado, e tinha como destino a cidade de Porto Alegre (RS).
- A aeronave, de prefixo PS-FEM, estava registrada no nome da empresa Máxima Inteligência Operações Estruturadas e Empreendimentos, e atingiu um ônibus da viação Santa Brígida, que ficou em chamas.
- Ao menos seis pessoas que estavam em solo ficaram feridas. Entre elas, um motoqueiro que foi atingido por uma placa de sinalização e uma senhora que estava dentro do ônibus. Ambos foram levados para unidades de saúde da região.
- A Avenida Marquês de São Vicente foi totalmente bloqueada, nos dois sentidos.
- O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) está no local investigando as causas do acidente.