São Paulo — Ellen Milgrau é uma modelo de São Paulo que, no final da pandemia, idealizou o projeto chamado Faxina Milgrau. O objetivo? Ajudar pessoas que, por condições mentais, não conseguem deixar as casas limpas.
O início de tudo foi quando um amigo pessoal da influenciadora, que estava com depressão profunda, deixou ela limpar o apartamento dele. Num estalo, Ellen decidiu gravar a faxina e postar no TikTok. O vídeo viralizou e daí nasceu o projeto.
“Eu tenho vontade de abraçar a dor dessas pessoas e isso me completa, me faz bem. O projeto surgiu ajudando um amigo e passando para frente”, contou para o Metrópoles ao revelar que também tem quadro de depressão, bipolaridade e ansiedade há uma década.
Com carreira de modelo, ela reconhece que o Faxina Milgrau mudou sua vida. “Eu sou modelo há muito tempo, então eu estive em lugares de muito privilégio, com muitas pessoas famosas, muitos contatos. Estava em uma época até meio deslumbrada. O mundo moda te tira um pouco do chão, então, voltar e ter uma certa empatia pelas pessoas e por essa dor mudou a minha perspectiva de vida”, disse. Bem-humorada, a influenciadora riu ao ser questionada se mantém a faxina de sua casa impecável.
Ao explicar a dinâmica do projeto, a artista contou que as pessoas que ajuda chegam a ela via redes sociais. “Tem um link nas minhas bios que é um formulário onde as pessoas contam a história dela, de onde elas são, deixam o contato e mostram as fotos do ambiente para a gente ver se enquadra.”
Ela também explicou que ela e sua equipe procuram sempre pegar casos mais críticos e, talvez por isso, o pós-faxina não é nada fácil! “Eu fico 3 dias em coma, respirando por aparelhos. As faxinas são muito pesadas, realmente. Eu e minha equipe ficamos muito cansados, a gente tira pelo menos 1 dia de ‘ressaca de faxina’ para relaxar e descansar, porque os músculos doem, tudo dói. Fora isso, o mental, porque a gente tem que lidar com muita coisa. E, é só a gente. A nossa equipe é muito pequenininha, muito robusta”, falou.
A mão de obra e os materiais usados durante cada um dos casos do Faxina Milgrau são custeados via vaquinha. “A gente não ganha nada. O dinheiro, por exemplo, de combustível, a gente tira do nosso próprio bolso. A gente tenta aproveitar ao máximo o que arrecadamos das vaquinhas, mas a gente não levanta vaquinhas de valores muito altos, porque é muito difícil lidar com o dinheiro dos outros e não me sinto tão segura assim”, revelou.
Na opinião de Ellen, o projeto ainda não pode ser considerado um “business” porque ela e sua equipe não lucram.
Faxina Milgrau: o caso de dona Noêmia
O Metrópoles foi convidado para acompanhar o último dia de obras na casa de dona Noêmia, uma senhora que mora na Zona Leste de São Paulo. Tendo que viver na calçada por conta da quantidade de lixo que havia em sua residência, a Noêmia aceitou a ajuda de Ellen.
Tudo começou quando as vizinhas mandaram mensagem para Ellen, pedindo ajuda. “Só que eu não imaginei que era tão grave”, admitiu a modelo, que nos recebeu com tinta no rosto.
A história da mulher era, desde o começo, delicada. A influencer paulistana relatou que a dona da casa e o irmão estavam dormindo na calçada. O irmão, inclusive, faleceu de pneumonia. “Ela, na minha concepção, podia ser a próxima”, contou Ellen.
Na região de Guaianazes, na Zona Leste de São Paulo, a modelo encontrou a maior faxina do projeto. “O terreno aqui é muito grande e a gente teve que construir outra casa, então, sim, é o maior caso.”
“O lixo estava ultrapassando a casa”, revelou a idealizadora do projeto, que afirmou que foram retiradas mais de 150 toneladas de lixo. Eles passaram 4 dias apenas tirando tudo da propriedade e, quando terminaram, as paredes começaram a cair. O trabalho na casa de dona Noêmia durou 3 semanas.
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