O rio dos Bugres, que divide as cidades de Santos e São Vicente, no litoral de São Paulo, foi classificado como o segundo curso d´água mais contaminado por microplásticos no mundo. A conclusão é de um estudo publicado pela revista científica Marine Pollution Bulletin. A análise foi feita por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) em parceria com o Instituto EcoFaxina, ONG que atua na região.
De acordo com análise, um dos pontos do rio apresentou uma concentração de mais de 93 mil partículas de microplástico por quilograma de sedimento (areia ou lama). Outros dois pontos registraram concentrações de mais de 62 mil e 43 mil partículas por quilo de amostra. A média ficou em 70 mil.
Na análise, o Bugres perdeu apenas para o rio Pasur, em Bangladesh. Nesse caso, ele apresentou 157 mil partículas de microplástico por quilograma de sedimento (ante as 93 mil do curso d’água brasileiro).
Os dados sobre o Pasur, no entanto, são alvo de polêmica. O artigo no qual os números foram divulgados, na revista Science of The Total Environment, em 2023, foram removidos pela editora Elsevier. Isso depois que uma investigação constatou que um dos autores do trabalho teria enviado uma revisão falsa da análise.
Os pesquisadores que atuaram no litoral paulista, contudo, acreditam que os números podem ser considerados válidos. Isso porque não há acusação de manipulação dos resultados até o momento.
Brasil em destaque
O Bugres nasce em Santa Catarina, corta o Paraná e deságua em Santos e São Vicente. A margem santista é ocupada pelo Dique da Vila Gilda, considerada a maior favela de palafitas do país, onde vivem cerca de 20 mil pessoas. Do lado de São Vicente, a ocupação também é irregular.
Entre os líderes da lista feita pelo estudo, o terceiro (Ilha do Barnabé), quarto (Rio São Jorge) e quinto (Rio Casqueiro) lugares também ficaram com o Brasil. O sexto é o porto de Shenzhen, na China.
