“Cada um responde pelos seus atos”, diz Bolsonaro sobre Temer

Logo ao chegar no Chile, presidente foi bombardeado com perguntas sobre o emedebista e disse que a “Justiça nasceu para todos”

atualizado 21/03/2019 20:58

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Marcos Corrêa/PR

Enviada especial a Santiago (Chile) – Ao desembarcar na capital chilena, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), comentou a prisão de seu antecessor, Michel Temer, nesta quinta-feira (21/3). Ele disse, ainda no aeroporto: “Cada um responde pelos seus atos. Cada um está fazendo por merecer. A Justiça nasceu para todos”.

O presidente da República associou a prisão à política do toma lá dá cá. “É aquela velha história de Executivo muito afinado com Legislativo, onde a governabilidade vem em troca de cargos, ministérios e estatais. O que levou a essa acusação, pelo que parece, foram os acordos políticos dizendo-se em nome da governabilidade”, afirmou. “A governabilidade não se faz com esse tipo de acordo, no meu entender. Você faz indicando pessoas sérias e competentes para integrar o seu governo. Assim que eu fiz no meu governo, sem acordo político, respeitando a Câmara e o Senado brasileiro”, acrescentou Bolsonaro.

Previdência
O peesselista também deu entrevista ao chegar no Hotel Intercontinental, onde foi saudado por um pequeno grupo de brasileiros. Ele vem ao Chile para uma cúpula de chefes de Estado de países da América do Sul e também para uma visita bilateral, a convite do presidente chileno, Sebastián Piñera. O presidente falou sobre as negociações com o Congresso Nacional para a aprovação da reforma da Previdência e afirmou que não vai ceder à pressão por cargos.

“Somos independentes, Executivo é uma coisa, e Legislativo é outra. A forma de governar, de conseguir votos, como no passado, não está tendo agora. Eu sei que o caminho lá atrás deu errado. Estamos buscando alternativas. A imprensa me critica que eu não estou tendo diálogo, mas que tipo de diálogo vocês querem que eu tenha?”, disse.

O presidente admitiu que há pressões nesse sentido. “Sempre tem alguém pedindo alguma coisa. Não vai ser essa a nossa política. Se o parlamentar indicar boas pessoas, a gente pode até conversar”, ressaltou.

Bolsonaro comentou ainda a declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que o governo não tem base aliada para aprovar a reforma da Previdência, o projeto mais importante da agenda da atual gestão federal. “Como foram feitas as bases aliadas até o ano passado? Essa forma leva às situações constrangedoras que estão vivendo agora autoridades brasileiras”, declarou, mais uma vez associando as barganhas à prisão de políticos.

Novo bloco e protestos
A cúpula de países sul-americanos convocada pelo chileno Piñera é o primeiro passo para a criação de um novo bloco econômico, o ProSul. A ideia é que a iniciativa substitua a UnaSul, criada por governos de esquerda no continente e impulsionada pelo então presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Bolsonaro, “a UnaSul já morreu. Só faltou enterrarem”. Para ele, o ProSul vai aproximar os países sul-americanos “por liberdade, por democracia e para impedir que o populismo e a demagogia cresçam como aconteceu por aí, para evitar que cheguemos numa Venezuela”. O bloco também deverá discutir livre comércio.

A presença de Bolsonaro em Santiago motivou uma série de protestos de parlamentares chilenos nas redes sociais e no Congresso. Um grupo apresentou projeto de resolução na Câmara de Deputados do Chile para que o presidente brasileiro seja considerado “persona non grata”. Muitos parlamentares também recusaram o convite para participar de almoço em homenagem ao brasileiro, no sábado (23), entre eles o presidente do Senado, Jaime Quintana (Partido pela Democracia), e o vice-presidente da Casa, Alfonso de Urresti (Partido Socialista). Ambos declararam que Bolsonaro representa “um perigo para a democracia regional”.

Questionado sobre os protestos, Bolsonaro disse: “Oposição tem em tudo quanto é lugar. É democrático”. E completou: “Eu não tenho a unanimidade. O importante é que, no meu país, eu tive uma vitória excepcional. Foi um voto que veio do coração do povo. Essas pessoas não queriam que o nosso país se encaminhasse para a situação em que está a Venezuela, onde o povo luta bravamente para se libertar das garras do socialismo”.

Em relação à queda de popularidade apontada por pesquisas de opinião pública recentemente, ele desdenhou dos resultados: “Essas pesquisas de agora têm o mesmo valor das pesquisas eleitorais do ano passado. Vários órgãos de pesquisa conhecidos disseram que eu perderia para todo mundo no segundo turno. Não estou preocupado com pesquisa”, afirmou.

Bolsonaro, que já elogiou várias vezes o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, disse que não veio ao Chile para falar sobre o assunto, mas acabou respondendo a uma pergunta: “Tem gente que gosta dele, outros não, mas eu falo sempre que o regime militar aqui foi muito parecido com o do Brasil”. Dessa vez, a fala do presidente foi mais moderada. Mas, quando ainda era parlamentar, Bolsonaro declarou em um programa de TV: “Pinochet fez o que precisava ser feito porque dentro do Chile existiam mais de 30 mil cubanos. Então, tinha de ser feito de forma violenta para reconquistar o seu país”.

A ditadura chilena durou de 1973 a 1990. Nesse período, 40 mil pessoas foram torturadas, mortas ou desapareceram. Em 2018, a Justiça chilena concluiu que Pinochet desviou 17 milhões de dólares de recursos públicos.

O presidente completa 64 anos nesta quinta-feira (21/3) e terá como único compromisso um jantar na casa do embaixador brasileiro no Chile, Carlos Duarte. A primeira-dama, Michelle, não o acompanha nesta viagem, como estava previsto, segundo Bolsonaro porque ela não gosta de avião e preferiu ficar em Brasília. Amanhã é o aniversário dela. Assim como durante a viagem aos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, integra a comitiva que o acompanha em Santiago.

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