Antes mesmo de assumir a Casa Branca, a nova administração de Donald Trump nos Estados Unidos já provoca efeitos no tabuleiro da geopolítica mundial. O Canadá e o Reino Unido, por exemplo, estão em ebulição.
Após semanas de pressão, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou que renunciará à liderança do Partido Liberal e ao cargo de premiê do país. A saída, segundo o político de centro-esquerda, deve acontecer após a sigla escolher um novo nome para sua liderança.
O anúncio de Trudeau surge após uma série de polêmicas envolvendo o seu governo, que tem sido mal avaliado em pesquisas de opinião.
Além disso, a renúncia de Trudeau coincide com o momento em que o Canadá enfrenta ameaças tarifárias que podem ser impostas por Trump. O novo presidente norte-americano ainda sinalizou o desejo de anexar o território canadense aos EUA.
Com as declarações do novo mandatário norte-americano, uma espiral de turbulência se instalou no governo do Canadá. Um dos episódios mais marcantes acontece em dezembro de 2024, quando a vice-premiê e ministra das Finanças do país anunciou sua renuncia.
Segundo Chrystia Freeland, a decisão foi motivada por discordâncias com Trudeau sobre como lidar com as ameaças de Trump, que prometeu aplicar tarifas de 25% aos produtos canadenses que entrarem nos EUA.
Musk mira em premiê do Reino Unido
No Reino Unido, o primeiro-ministro do país, Keir Starmer, tem sido alvo de uma campanha de ataques liderada pelo bilionário Elon Musk. O dono do X está disparando dezenas de postagens com o objetivo de desestabilizar o governo britânico e chegou a fazer uma enquete perguntando se os EUA deveriam “liberar o povo britânico de seu governo tirano”.
Em sua rede social, o chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) da administração Trump acusou o Starmer de ser “cúmplice do estupro de britânicos”. Por isso, Musk defendeu que o político britânico, que colocou um fim à hegemonia política dos conservadores no país, deixe o cargo.
Sem provas, o dono do X disse que o premiê britânico não atuou de forma eficiente quando comandava o Ministério Público em um caso que veio à tona em 2014. Na época, um relatório independente revelou que cerca de 1,4 mil crianças foram abusadas sexualmente na cidade de Rotherham, entre 1997 e 2013.
“Starmer foi cúmplice do ESTUPRO DE BRITÂNICOS quando foi chefe do Ministério Público por 6 anos”, escreveu o bilionário em uma publicação no X em 3 de janeiro. “Starmer precisa sair e ele deve enfrentar acusações por sua cumplicidade no pior crime em massa da história do Reino Unido”.
Após a série de ataques vindos de um dos homens mais poderosos do mundo, Starmer criticou pessoas que “espalham mentiras e desinformação”. O premiê britânico ainda afirmou que tais atores tem interesses próprios ao difundir tais informações.
“Aqueles que estão espalhando mentirar e desinformação, o mais longe e amplamente possível, não estão interessados nas vítimas, estão interessados em si mesmos”, declarou Starmer durante coletiva de imprensa na segunda-feira (6/1).
