A Câmara Legislativa decidiu convocar, por meio de edital, o ex-servidor Filipe Nogueira Coimbra, um dos protagonistas do escândalo sobre supostos desvios da verba indenizatória no gabinete da ex-deputada distrital Sandra Faraj (PTB). A intimação foi publicada no Diário Oficial da Casa (DCL), na quinta-feira (26/09/2019), a pedido da Comissão Permanente de Tomada de Contas Especial e Sindicância (CPTCES).
A convocação foi a alternativa encontrada pelo Legislativo local para achar o ex-servidor, já que ele, até este momento, não havia sido localizado para prestar depoimento sobre o episódio. “Notificar, pelo presente edital, o ex-servidor Filipe Nogueira Coimbra, que se acha em lugar incerto e não sabido, dos fatos constantes no processo administrativo disciplinar a que responde perante esta comissão”, registra trecho do edital.
De acordo com o texto, a partir da data da publicação, Filipe Coimbra terá o prazo de 10 dias para comparecer à sindicância. Caso não se apresente, os trabalhos “seguirão sem sua presença”, frisa. O ato é assinado pela presidente da comissão que avalia o caso, Geórgia Daphne Sobreira Gomes.
Denúncia
Segundo a denúncia de Filipe Nogueira Coimbra, Sandra Faraj contratou o serviço da Netpub Agência de Comunicação e Tecnologia, não pagou, mas apresentou notas fiscais pedindo ressarcimento da Câmara Legislativa, num valor total de R$ 174 mil. O caso fez com que a distrital respondesse a processo de cassação na Casa, mas acabou rejeitado pelo plenário.
No relato, ao qual o Metrópoles teve acesso, a empresária Michelly Nogueira, dona da Netpub, contou que, além de atender o setor privado em demandas avulsas, trabalha para alguns parlamentares. Segundo ela, a empresa foi criada em 2012. No ano seguinte, teria sido convidada para “compor o time da campanha da deputada Sandra Faraj”.
A proposta seria “para fazer o trabalho por um preço em conta visando o futuro. Caso a deputada ganhasse as eleições, ela contrataria a empresa para ‘caminhar junto’ ao mandato”, diz o documento. Foi feito, então, um acordo de R$ 64 mil com o CNPJ da empresa Studio Nogueira — hoje Studio Web —, do marido de Michelly, Filipe Nogueira. De acordo com os empresários, no entanto, o serviço nunca foi pago.

Após a matéria publicada, Filipe Coimbra enviou a seguinte nota:
“É esperado que a CLDF tente procurar algo que possa me prejudicar, há um corporativismo inexplicável, corporativo esse que a população não conhece. Rafael Prudente nomeou a Geórgia Daphne com o propósito de honrar os métodos da velha política. A meta é proteger o corporativismo e certamente o grupo da velha política deve algum favor a ex-deputada Sandra Faraj. A tentativa deles em me julgar é um ato de vingança pessoal. Sou empresário independente e recorrentemente denuncio escândalos de corruptos impregnados na CLDF. Meu meu papel é fazer com que a população conheça o podre. Recentemente, denunciei o pagamento de milhões de reais em publicidade de ferramentas inexistentes, eu já sabia que isso não ficaria de graça, mas também já sabia como lidar com eles e não tenho medo, pois esse alarde todo só me dá mais força e coragem para enfrentar o sistema“.