Henrique Fogaça é, como muitos chefs, um profissional multitarefas. Além de comandar as caçarolas de alguns restaurantes, ele ainda está em uma banda e, agora, lançou o segundo livro. Chamado de O Mundo do Sal, o exemplar o protagonismo do sal na cultura, economia, política, crenças, religiões, saúde e nas diferentes culinárias do mundo em 5.000 anos da história da humanidade.
Junto com o jornalista Rogerio Ruschel, Fogaça explora curiosidades do ingrediente que já serviu de moeda, criou estradas e cidades, financiou guerras e garantiu a economia de impérios. Abordam também como o sal está presente em quase todas as religiões e em crendices populares e simpatias. Único mineral que os seres humanos comem, o sal é um produto democrático, já que é um dos poucos alimentos que entram na casa de todos, todos os dias, em todos os países, independente de raça e classe social.
Publicado pela Editora Essential Idea, o livro apresenta, ainda, 45 receitas criadas pelo chef em pratos para diferentes comemorações (com algumas disponíveis até em vídeo, via QR Code). A obra está disponível na versão impressa ou em e-book em livrarias do Brasil, nos restaurantes Sal Gastronomia e Cão Véio, lojas especializadas de gastronomia e no site da Essential Idea Editora.
Para falar um pouco mais sobre o exemplar, o Metrópoles conversou com Fogaça sobre o processo produtivo, além da importância do ingrediente que inspirou o livro. Confira:
Como surgiu a ideia de escrever o livro e qual o motivo da escolha do tema girar em torno do sal?
Surgiu de uma troca com a editora Essential Idea, estávamos conversando como a minha empresa e restaurantes que já homenageiam o sal como eixo da gastronomia, a partir daí foi feito uma pesquisa que mostrou que não havia um livro com o formato que pensamos – mostrando 5.000 anos de protagonismo do sal na vida da humanidade na cultura popular, cultura geral, religião, alimentação, geografia, história e uso industrial do sal.
Então começamos a pensar sobre os temas relacionados e decidimos incluir um “plus” com a curadoria e as receitas feitas por mim. O livro é divertido, didático e útil, com interesse para profissionais da culinária e para amadores que curtem descobrir esse tipo de curiosidade.
Como foi o processo produtivo? Alguma parte da criação foi novidade para você?
Foi um processo de muitas trocas, estudos… e me surpreendi com as descobertas do sal envolvendo momentos políticos e culturais da humanidade. Eu tinha uma noção, já era interessado pelo assunto, mas nunca tinha me aprofundado tanto, e descobrir/escrever sobre a importância do sal e como é essencial para nossa existência foi bem bacana e novo para mim.
Qual você acha que é o diferencial da publicação?
Além do conteúdo e abordagem totalmente inéditas, exploramos um outro viés sobre o alimento mais consumido do mundo, o livro apresenta uma linguagem simples, gostosa de ler, com receitas inéditas… apesar de ser um livro sobre um assunto bastante importante para toda a humanidade, não só como alimento, mas para a história da civilização, buscamos trazer uma linguagem bem simples, didática e divertida, para que qualquer pessoa consiga ler e entender sobre o que estou falando. Além disso, as receitas que incluí no livro estão bem bacanas e conversam com a história que está sendo contada.
Qual é, para você, a importância do sal para a gastronomia? E para a sua vida?
A contribuição do sal é importante não só para a gastronomia, mas para com a humanidade pois teve influência na política, na economia, na cultura e na sociedade. Mas na gastronomia, o sal é um dos elementos mais importantes, é o que dá sabor aos pratos, sem ele, não existiriam diversas receitas com sabores diferentes.
Eu sou supercurioso e cuidadoso com cada ingrediente que utilizo nas minhas receitas, e o sal sempre foi um item muito valioso nos preparos, gosto de usá-los das mais variadas formas. E para a minha vida, o sal é essencial, afinal, de que vale um prato se não tem sabor?
Agora que lançou um livro, quais os planos para o futuro? Pretende lançar mais ou focar nos restaurantes?
Esse é o meu segundo livro, em 2017 eu lancei o Um Chef Hardcore com relatos autobiográficos, e, dessa vez, em O Mundo do Sal eu falo sobre uma das minhas curiosidades na cozinha. Ainda tenho muitas coisas que gostaria de falar, mas o que posso adiantar no momento é que também estou no projeto Probl3ma, coletivo de músicos, artistas gráficos e skatistas que fazem arte em prol de comunidades menos favorecidas, estou prestes a lançar um projeto de música com a banda Confesso, lancei recentemente uma linha exclusiva de utensílios para cozinha em conjunto com a Yangzi, além da colab entre a Mad Rats e minha banda Oitão – lançamos um tênis exclusivo.
No mais, meu foco é continuar meus projetos como o Masterchef, a minha banda Oitão, os restaurantes e o Instituto Olívia, que pretendo inaugurar em breve, com o objetivo de promover e democratizar o uso de medicamentos derivados da cannabis.
Por aqui, o Cão Veio é sucesso. Como você vê essa receptividade do público brasiliense a sua gastronomia?
Eu acredito muito que comida não deve ser um item de luxo, gosto muito de inovar e apresentar sabores diferentes, mas principalmente, humanizar meus restaurantes. E acho que é isso que torna os restaurantes, principalmente o Cão Veio, neste caso, ter uma receptividade tão boa, é um lugar que as pessoas vão para comer uma boa comida, apreciar momentos e sabores inesquecíveis que ficam registrados na memória.
Você cuida de diversos restaurantes, além da banda e, agora, dos livros. Como consegue conciliar o tempo?
Eu sou muito agitado, não consigo ficar parado ou fazendo somente a mesma coisa por muito tempo, por isso eu busco empreender nas áreas que eu mais amo, então, para mim, é muito bom poder trabalhar com gastronomia, música, beleza, e outras áreas que realmente são importantes para mim. Mas eu gosto muito de separar a vida pessoal da profissional, tenho meus amigos e sócios que compartilham empresas comigo, mas gosto de, às vezes, me juntar com eles apenas para conversar sobre assuntos aleatórios que não sejam negócios.
Para mim é importante ter um momento para a família, aproveitar meus filhos e ficar o tempo que for necessário com eles, me dá um gás para voltar e continuar trabalhando muito, mas para mim, o que eu faço é muito prazeroso. E claro, conto com um time de peso que me ajuda a fazer tudo dar certo!
O Mundo do Sal: história, cultura e receitas do chef Henrique Fogaça

