Cine Ceará 2019: “Os governos passam e a arte fica”, diz Lilia Cabral

A atriz conversou com exclusividade com o Metrópoles sobre seu mais novo trabalho, a comédia Maria do Caritó

atualizado 02/09/2019 10:04

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Arlindo Barreto/Divulgação

Fortaleza (CE)* – “Os governos passam e a arte fica.” Embora não tenha feito um discurso essencialmente político ou apresentado um filme necessariamente engajado, foi com esta fala forte e, ao mesmo tempo, otimista que Lilia Cabral deixou o palco do Cineteatro São Luiz, na noite do último sábado (31/8/2019), quando foi homenageada no Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema.

Aos 62 anos, a atriz passou por Fortaleza para receber o troféu Eusélio Oliveira e para apresentar seu mais novo filme, a comédia Maria do Caritó, baseada em peça homônima do autor pernambucano Newton Moreno. Em conversa exclusiva com o Metrópoles, Lilia Cabral, que estrelou a peça entre 2010 e 2015, disse nunca haver pensado que a história poderia virar um filme.

“Como fiz isso com O Divã (levar do teatro para os cinemas), muita gente me falou que devia fazer o mesmo com Maria do Caritó, mas eu nunca concordei com a ideia. Quando começamos a viajar pelo Brasil com a peça, fizemos Brasília, Natal, Salvador, Fortaleza, Belém, Recife, Aracajú, Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre e Curitiba, foi quando eu mudei de ideia. Eu vi que todo mundo entendia. É uma história brasileira, fala de cultura brasileira”, apontou a atriz.

 

Incansável

Por mais que não esteja creditada como produtora, Cabral foi diretamente responsável por fazer o filme acontecer. Foi ela que escolheu a produtora Elisa Tolomelli e o diretor João Paulo Jabur, além de ter levado o projeto para a Globo Filmes, que comprou a ideia. Ela também atuou diretamente na seleção do elenco, não só convidando atores que já estavam na peça original como indicando outros nomes para Jabur e Tolomelli.

Uma das marcas principais do longa é a inocência e o sentimento de pureza e nostalgia, que contrastam muito com o debate político e cultural no país dos dias de hoje. “Quando gravamos o filme, ainda não estávamos tão em tempos de cólera. E acho que não é só o Brasil que vive tempos de cólera. O mundo está. É drástico notar a movimentação da maioria dos países”, destacou, mas sem perder o otimismo: “Eu sempre crio esperanças, acho que são necessárias. Maria do Caritó vai no caminho inverso do que vemos no dia a dia. E quem sabe este caminho crie uma necessidade do público sentir. O nosso sentimento, quando nascemos, é o mesmo, é puro. E ele só vai piorar se vivermos num lugar destrutivo.”

Com mais de 50 anos de carreira, Lilia realizou 17 peças teatrais e 53 participações em novelas, minisséries e programas na Rede Globo. Nos cinemas, no entanto, foram apenas dez atuações, contando com o novo trabalho. A atriz afirmou que gostaria de ter feito mais filmes, mas que os rumos na carreira e a forte presença na TV acabaram dificultando isso. E ela não vê isso necessariamente como um problema, uma vez que está constantemente navegando entre os meios.

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e fez discurso emocionado antes da sessão de Maria do Caritó
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A atriz recebeu a homenagem das mãos do ator José Loreto

Arlindo Barreto/Divulgação
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e fez discurso emocionado antes da sessão de Maria do Caritó

Arlindo Barreto/Divulgação
Mãe coruja

No momento, Lilia Cabral conta com projetos a caminho no cinema (uma nova adaptação de Newton Moreno) e na TV (a minissérie Todas as Mulheres do Mundo, em homenagem ao ator, diretor e dramaturgo Domingos de Oliveira), mas ela também passa parte do tempo tietando o trabalho da filha Giulia Bertolli, atualmente no elenco de Malhação – Toda a Forma de Amar.

“É a coisa mais linda. Primeiro, porque você se vê. Eu volto e meia olho e penso: ‘ela vai viver tanta coisa’. E deixo ela viver. Segundo, porque essa vontade dela não é por minha causa. Lógico, ela conviveu comigo a vida inteira, mas é que ela tem essa alma de artista. Ela gosta de escrever, gosta de interpretar, e está indo muito bem na Malhação, as pessoas têm carinho por ela. Ela estuda, é aplicada”, afirmou a atriz com um sorriso no rosto. E continuou: “Quando ela era pequenininha e eu levava ela para o teatro ou para um set, todas as outras crianças se distraiam rapidamente. A Giulia não, ficava quietinha, acompanhando tudo.”

Segundo Lilia, Giulia parecia relutar um pouco a se assumir como atriz, o que a fez lhe dar um conselho fundamental. “Parecia que ela não podia dizer, pois todos iam falar que ela estaria seguindo a carreira da mãe. Um dia, eu falei pra ela: ‘Giulia, você tem que dizer. Não é que você vai seguir porque eu sou, é porque você quer.’ E quando ela disse, se libertou e seguiu. Eu tenho orgulho dela e tenho o maior prazer de vê-la trabalhar. Ela nasceu pra isso, e eu tenho que estimular”, disse a mãe coruja.

Maria do Caritó chega aos cinemas no dia 31 de outubro. Nos próximos meses, Lilia Cabral irá se dedicar exclusivamente à divulgação do filme. Mas sem nunca ficar parada, a atriz já tem planos para voltar aos palcos e às telas de TV em 2020.

* O repórter viajou a convite da organização do evento

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