O que o Festival de Cannes quis dizer ao não incluir na disputa pela Palma de Ouro o novo filme do diretor de “Mad Max”, filme este que estreou fora de competição em Cannes em 2015 e depois dominando o mundo? Afinal de contas, se alguém merecia uma entrada de gala no Festival em 2022 seria George Miller, ainda mais com Tilda Swinton e Idris Elba no elenco de um encontro entre uma professora universitária e um gênio da lâmpada.
O próprio Miller frustrou expectativas ao categorizar seu novo filme como o “anti-Mad Max”, uma romance em formato de fábula. Tudo começa em Istanbul, quando a professora Alithea Binnie (Swinton), participando de um seminário sobre mitos e história, compra uma garrafa empoeirada num antiquário. Limpando-a no seu quarto de hotel, Alithea é surpreendida por um gênio (Elba), que após uma cômica introdução, oferece-lhe o de sempre: 3 desejos.
Só que neste filme, Alithea sabe muito bem o que é um gênio da lâmpada, e com grande base de estudos, reluta em fazer seus pedidos, sabendo que todas estas histórias terminam mal para o pedinte. O gênio, porém, não quer perder seu propósito e ser preso na lâmpada por mais um par de séculos, então ele resolve tentar convencê-la, contando histórias do que ele e aqueles que lhe fizeram pedidos, viveram.
Nestas histórias, fugindo do quarto de hotel (assim como vários de nós desejávamos fugir de nossas casas durante o lockdown pandêmico), Miller pode colocar na tela qualquer coisa que consegue imaginar, especialmente as cores e as texturas de uma arábia suntuosa e hoje inexistente. Trabalhar com contos de fadas não é estranho para ele, que já dirigiu filmes como “Babe, o porquinho 2” e “Happy Feet”.
Quando o filme parte da energia de suas histórias, o romance entre a professora e o gênio não consegue ser interessante ou movimentado o suficiente para compensar a energia das historinhas. No final das contas, “Three Thousand Years of Longing” é um filme dividido em dois; um deles bom e imaginativo, o outro enfadonho e sem direção…
Avaliação: Regular (2 estrelas)