Onde estão elas? Presença de mulheres é pequena na política do DF

Embora 53% do eleitorado sejam do sexo feminino, elas têm pouca representatividade na formação de chapas para o pleito de outubro

atualizado 08/07/2018 16:58

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Arte/Metrópoles

As mulheres são poucas nos holofotes e nos bastidores políticos. Nas reuniões de pré-campanha, são raras as presenças femininas em papel de protagonismo. As perspectivas de renovação não se mostraram animadoras, principalmente nas chapas para cargos majoritários da capital da República.

Exemplo disso é que, dos sete pré-candidatos lançados para o Governo do Distrito Federal (GDF), apenas duas são mulheres: Eliana Pedrosa (Pros) e Fátima Sousa (Psol).

Nas possíveis coligações, os homens se sobressaem em relação às mulheres nas posições de poder. Como as alianças são definidas pelos partidos, isso pode ser reflexo da ausência delas à frente das diretorias regionais das legendas. Das 33 siglas que aparecem no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas sete (DC, PCO, Pros, PMB, PRTB, PTB e Rede) são lideradas pelo gênero em âmbito local. A quantidade representa 21,21% do total.

Os grupos encabeçados pelo deputado federal Izalci Lucas (PSDB) e ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR), dois dos mais movimentados, são predominantemente masculinos. A situação se repete nas articulações dos pré-candidatos Alexandre Guerra (Novo) e Paulo Chagas (PRP).

Nas reuniões da terceira via, chapa de Izalci, coordenada pelo senador Cristovam Buarque (PPS), as mulheres quase não são vistas. Na coalizão formada pelo PR, Progressista, MDB, Avante e DEM, Flávia Arruda (PR) representa o gênero. Entretanto, não disputará cargo majoritário. Com o apoio do marido, o ex-governador José Roberto Arruda, ela se declarou pré-candidata à Câmara dos Deputados.

Atual governador e pré-candidato à reeleição, Rodrigo Rollemberg (PSB) é o que aparece com frequência ao lado de mulheres focadas em disputar o pleito de outubro. A companhia mais comum é a da fiel escudeira, a ex-secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão Leany Lemos (PSB), pré-candidata ao Senado.

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<b>Eliana Pedrosa (Pros):</b> "É preciso valorizar o profissional da segurança pública. Antes de mais nada, vamos fazer a paridade da Polícia Civil com a Polícia Federal. Dependendo da situação orçamentária do GDF quando assumirmos, não vamos inventar a roda: se há déficit de pessoal, vamos fazer concurso público. O que não pode perdurar é essa sensação de insegurança que está afligindo o povo do DF"
A deputada federal Erika Kokay (PT) é a única parlamentar do DF no Congresso Nacional
No último encontro da terceira via fotografado, não havia uma mulher sequer. No dia em que a imagem foi tirada, em 28 de junho, o grupo de seis partidos reafirmou as pré-candidaturas do deputado federal Izalci Lucas (PSDB) e do senador Cristovam Buarque (PPS) ao GDF e Senado, respectivamente
Aliados do ex-secretário de Saúde e pré-candidato ao GDF Jofran Frejat (PR) se reuniram na casa do presidente do MDB-DF, Tadeu Filippelli, em 2 de junho. Na ocasião, não houve presença feminina
Leany Lemos é a aposta do PSB, partido ao qual pertence o governador do DF, para o Senado
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No PSol, a pré-candidatura ao GDF é encabeçada pela professora da Universidade de Brasília (UnB) Fátima Sousa. Ela é uma das duas mulheres lançadas como postulantes ao Palácio do Buriti

Reprodução/YouTube
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Eliana Pedrosa (Pros): "É preciso valorizar o profissional da segurança pública. Antes de mais nada, vamos fazer a paridade da Polícia Civil com a Polícia Federal. Dependendo da situação orçamentária do GDF quando assumirmos, não vamos inventar a roda: se há déficit de pessoal, vamos fazer concurso público. O que não pode perdurar é essa sensação de insegurança que está afligindo o povo do DF"

Hugo Barreto / Metrópoles
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A deputada federal Erika Kokay (PT) é a única parlamentar do DF no Congresso Nacional

Michael Melo/Metrópoles
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No último encontro da terceira via fotografado, não havia uma mulher sequer. No dia em que a imagem foi tirada, em 28 de junho, o grupo de seis partidos reafirmou as pré-candidaturas do deputado federal Izalci Lucas (PSDB) e do senador Cristovam Buarque (PPS) ao GDF e Senado, respectivamente

IGO ESTRELA/ESPECIAL PARA O METRÓPOLES
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Aliados do ex-secretário de Saúde e pré-candidato ao GDF Jofran Frejat (PR) se reuniram na casa do presidente do MDB-DF, Tadeu Filippelli, em 2 de junho. Na ocasião, não houve presença feminina

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Leany Lemos é a aposta do PSB, partido ao qual pertence o governador do DF, para o Senado

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Flávia Arruda (PR) representa o gênero ao lado do buritizável Jofran Frejat (PR)

Felipe Menezes/Metrópoles

Efeito nas urnas
Mas não é apenas nas articulações antecedentes ao período eleitoral que as mulheres ficam de fora. Embora elas representem 53,83% do eleitores do Distrito Federal, de acordo com levantamento de junho do TSE, esse percentual não foi alcançado nas urnas no último pleito.

A representatividade feminina na bancada do DF no Congresso Nacional é de 9,09% (dos 11 parlamentares, só há a deputada federal Erika Kokay, do PT). Na CLDF, é de 20,83% (de 24 vagas, cinco são ocupadas por mulheres: Celina Leão (PP), Liliane Roriz (Pros), Luzia de Paula (PSB), Sandra Faraj (PR) e Telma Rufino (Pros).

O que elas dizem
A legislação eleitoral prevê que, no mínimo, 30% das candidaturas dos partidos devem ser femininas. A cota, porém, não tem se mostrado efetiva. Na tentativa de garantir competição igualitária, o TSE determinou, neste ano, a destinação para as candidatas de ao menos 30% das verbas públicas enviadas às siglas, além da mesma divisão para propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV.

Na opinião da ex-distrital Eliana Pedrosa, as mais recentes normas podem modificar o cenário. “Acredito que possamos, daqui a umas duas ou três eleições, começar a ter participação feminina maior”, pontuou.

Conforme destacou a deputada federal e presidente do PT-DF, Erika Kokay, os partidos inseriam mulheres nas nominatas apenas para estarem de acordo com a lei, o que beneficiou o sexo masculino. “Avançamos agora com 30% de tempo de rádio e TV e de verbas públicas. Entretanto, não podem ser os homens a decidir como irão implementar esses 30%”, ponderou.

De acordo com entendimento da professora do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) Teresa Cristina Marques, após vencer as barreiras como as que impediam o voto, o sexo feminino se deparou com os problemas culturais. “Não é considerado natural que mulheres tenham ambições políticas”, assinalou.

Autora do livro O Voto Feminino no Brasil, Teresa defende ser necessário haver presença maior feminina no movimento partidário. Mas alerta: não será fácil. “Dentro de um ambiente partidário, uma mulher que queira ascender a uma posição de liderança terá de competir em várias etapas. Ela vai receber crítica moral quanto à sua conduta, o que não acontece com o homem”, concluiu.

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