Uma atleta de Brasília superou todas as expectativas e conquistou uma vaga no mais notável evento de patinação artística do planeta. Aos 18 anos, Ana Júlia Couto de Albuquerque foi convocada para representar o Brasil no Campeonato Mundial. Ela é a primeira de sua academia esportiva e a segunda do Distrito Federal a conseguir a proeza. A competição acontecerá em La Vendée, na França, de 3 a 13 de outubro.
Para tentar cobrir os custos, a atleta criou uma vaquinha virtual com a meta de arrecadar R$ 15 mil. Ela pede ajuda para conseguir arcar com passagens, hospedagem e alimentação. Qualquer pessoa pode contribuir.
Histórico de superação
Quando tinha 11 anos, a jovem começou a treinar na Academia Alta Rotação, no Setor de Clubes Sul. Era uma idade de início relativamente tardia para quem deseja ser um atleta de elite, tendo em vista que a maioria começa aos 5. No entanto, isso não foi impedimento.
O talento, determinação e aptidão física fizeram com que Ana Júlia se sobressaísse e obtivesse sucesso no esporte: desde 2016, ela integra a Seleção Brasileira de Patinação Artística. Este ano, foi a vice-campeã brasileira na categoria Júnior. Além disso, conquistou o sexto lugar no Campeonato Pan-Americano realizado em Bogotá, Colômbia.
“Quando comecei, foi puramente por diversão. Não tinha nenhuma expectativa de competir. Mas é um esporte que cria uma paixão dentro de você”, conta. “Principalmente, por causa de todos os ensinamentos para a vida. É muito completo: ensina a levantar quando cair e a trabalhar em grupo”.
A academia de patinação existe há 15 anos e é composta por cerca de 150 alunos, de variadas idades e níveis. A coordenadora técnica e professora de Ana Júlia, Bruna Santos, 36, relata que o ambiente foi transformado após a classificação da garota no Pan-Americano.
“É a nossa primeira convocação para um Mundial, o campeonato mais importante para a patinação artística. A academia está muito orgulhosa. Ana Júlia se tornou uma inspiração para as demais alunas, que viram ser possível chegar onde ela chegou”, disse a treinadora.
A patinação trouxe mais foco, calma e confiança para a jovem. Atualmente, ela está no segundo semestre de educação física na Universidade de Brasília (UnB) e conta que escolheu o curso pela proximidade das atividades. Para Ana Júlia, conciliar os treinos com escola e, agora, faculdade, sempre foi uma questão de prioridades. “Primeiro os estudos, depois o esporte.”
Preparação
A duração média de um treino de Ana Júlia é de quatro horas por dia, exceto às quintas, quando tem aula durante todo o período. A rotina envolve exercícios físicos e técnicos. Seus instrutores oferecem também ajuda com o preparo psicológico.
Júnio dos Anjos, 39 anos, é o educador físico da atleta de nível mundial. Impressionado, ele relata que, no período de um ano, o crescimento da jovem ocorreu de forma extraordinária, tanto na patinação como na autoestima. “No ano passado, ninguém sabia quem era Ana Júlia. Hoje ela é um exemplo no país.”
Ao mesmo tempo em que se encontra muito mais tranquila em relação ao campeonato anterior, Ana Júlia quer representar o Brasil da melhor forma possível. Ela se sente realizada com a conquista e espera ficar entre as 10 melhores do mundo.
“Sempre foi um sonho, mas eu não imaginava que fosse um sonho tão próximo”, diz a atleta sobre participar do Mundial. “Acreditar em você mesma é o primeiro passo para conquistar algo.”
Viagem custosa
Bruna será a única a acompanhar Ana Júlia durante a viagem. Patinação artística não é um esporte incluído nas Olimpíadas e, portanto, recebe pouco patrocínio ou atenção midiática.
A mãe da menina, Ana Maria Couto, 50, não poderá viajar com ela. “Estou muito alegre. Ela está colhendo os frutos de seu esforço. Mas, infelizmente, tudo é por nossa conta e não tenho condições de ir.”