Um haitiano de 36 anos está acampado há 19 dias em frente à Embaixada do Haiti em Brasília, localizada na QI 13, Conjunto 8, no Lago Sul. O homem se instalou em caixas de papelão cobertas por um pedaço de plástico na calçada da representação diplomática em meados de março. Diz que só sai do local com passagens para Porto Príncipe, capital do país.
Morador de Mineiros (GO), o haitiano afirma que precisa resolver problemas familiares na terra natal, mas não revelou quais. “Minha viagem seria para passar apenas oito dias, eu resolveria essas questões familiares e depois voltaria. Eu gosto do Brasil, quero morar aqui”, disse o homem. Ele não quis se identificar e tampouco permitiu que a reportagem fotografasse seu rosto.
Preocupados com a situação, moradores da região já chamaram a Polícia Militar nove vezes para tentar retirar o homem de lá, mas ele se recusa a sair. “A polícia vem praticamente dia sim, dia não, mas eu não ofereço risco nenhum, por isso eles não podem me tirar daqui. Eu só saio com as passagens”, reforçou.
Segundo o haitiano, as passagens de ida e volta para a terra natal custariam R$ 2.400, conforme pesquisa que ele diz ter feito em uma agência de viagens.
Funcionários da Embaixada do Haiti conversaram com o Metrópoles sobre a situação. De acordo com Mario Chouloute, encarregado de Negócios da representação, a primeira medida tomada foi a de conversar com o imigrante acampado, oferecendo contatos que pudessem auxiliar na busca por emprego.
O homem teria recusado a proposta, alegando que queria apenas as passagens. Conforme contou Chouloute, ele se mostrou agressivo com algumas pessoas desde sua chegada.
Thomas Pierre-André, primeiro-secretário e responsável pelo setor consular, afirma que uma carta do morador de Goiás foi escrita à mão e entregue à embaixada no dia 25 de março. No documento, ele expunha os motivos, inteiramente pessoais, para solicitar a viagem.
Não há embasamento legal para que a embaixada dê passagens neste caso. Apenas em cenários extremos, como de doença grave comprovada
Mario Chouloute
Segundo os funcionários, o homem é um imigrante regularizado, com documentação válida, e não se trata de alguém que não conseguiu oportunidades no país. Quanto à alegação feita por ele de que o irmão estaria “fazendo pressão” para impedir o recebimento das passagens, a embaixada reiterou que não tem nenhum tipo de contato com os familiares do imigrante.
Por fim, Chouloute afirmou que seguem apenas em contato com a polícia, observando se o imigrante pode ter comportamento perigoso. A PM disse que não retirou o homem do local pelo fato de ele ter direito de “de ir e vir”.