Um projeto do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 308 de Santa Maria rendeu alimentos a alunos que não tinham o que comer, incentivou o empreendedorismo e motivou crianças e adolescentes a permanecerem em sala de aula. Usando poucos materiais, que, muitas vezes acabavam indo para o lixo, uma professora transformou o contraturno escolar com aulas de culinária.
“Uma vez, um aluno pediu para a vizinha não jogar arroz fora porque tinha aprendido a fazer um bolinho com ele na escola. A mãe chegou para mim e disse: ‘Isso salvou a janta do meu filho, porque a gente não tinha nada para comer’”, conta a professora Ioni Pereira, 58 anos, que coordena o projeto.
As atividades de culinária vêm fazendo sucesso na escola pública com os estudantes do ensino integral, no contraturno das aulas. “Quando fui convidada para ser coordenadora da educação integral, senti ociosidade dos alunos, que estudavam a mesma coisa pela manhã e à tarde. E via que na cozinha sobravam algumas coisas que iam para o lixo. Então, senti necessidade de fazer algo”, diz a educadora.
Assim, surgiu a ideia de ensinar culinária em atividades que não terminavam dentro da cozinha. “É um projeto que beneficia os alunos, a escola e as famílias. Eles aprendem as receitas, fazem uma coisa diferente, a gente vende e eles comem”, explica.
As atividades usam, principalmente, ingredientes que sobram na cozinha do colégio, como arroz, frango, polvilho e até casca de banana, que podem virar bolos, tortas e biscoitos, por exemplo. Ioni ministra as atividades com outras duas professoras: Sara Cristina Damásio e Thaise Sousa.
Elas lembram também que algumas famílias aprendem as receitas com os filhos e fazem lanches para vender e complementar a renda. “Na pandemia, a situação ficou difícil para muitas delas”, pontua Ioni.
Como muitos materiais também acabam vindo dos próprios professores, qualquer material doado é bem-vindo. Quem quiser contribuir com o projeto pode entrar em contato com a coordenadora do projeto pelo telefone (61) 9 9824-6743.