A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) pediu à Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) que investigue as denúncias de ameaça cometidas por agiotas contra professores da rede pública de ensino da capital federal. O homem apontado como líder do grupo também é docente da Secretaria de Educação do DF (SEE). Um ofício foi enviado à pasta do GDF na segunda-feira (22/8), cobrando apuração dos fatos.
Professor agiota ameaçou soltar “cãezinhos” de guarda para cobrar clientes
O Metrópoles revelou o caso em reportagem com relatos de professoras da SEE-DF em 14 de agosto. As docentes denunciam diversos assédios por parte do agiota Marco Antônio Vidal (foto em destaque). Ele é acusado de ameaçar e extorquir as vítimas (veja prints).
Apesar de denunciarem apenas Marco Antônio, as professoras da rede pública do DF seriam alvo de pelo menos 16 agiotas. À Comissão de Direitos Humanos da CLDF as mulheres listaram seis desses criminosos, incluindo Marco.
“[…] solicitamos que seja realizada averiguação dos possíveis crimes cometidos, com a responsabilização dos envolvidos. Solicitamos, também, que nos sejam enviados esclarecimentos detalhados sobre o caso em até 30 dias corridos”, diz o ofício enviado à SSP.
Além de nomear e colocar o contato dos agiotas, o documento traz link no Google Drive com capturas de tela e áudios em que os criminosos ameaçam as professoras. “A comissão de direitos humanos recebe uma série de violações, a gente recebeu essa e encaminhamos pro órgão competente”, afirmou o presidente da comissão, o deputado Fábio Félix (Psol).
“Ninguém pode ser assediado e a prática de agiotagem é crime no Brasil. Ninguém pode fazer isso, ainda mais dentro de uma secretaria, com professoras da rede pública”, finalizou, indignado, o parlamentar.
Denúncia de professoras
Em 14 de agosto, o Metrópoles noticiou o relato de três professoras da Secretaria de Educação vítimas de Marco. Conforme as mulheres, ele é apenas um de diversos agiotas em atuação na capital que têm como alvo servidores públicos.
“Conheço pelo menos outras 25 professoras que devem para o Marco”, detalhou uma delas. A reportagem teve acesso a conversas de WhatsApp que mostram a forma agressiva de cobrança do agiota, além de áudios com ameaças veladas.
“Você pegou grana, tem que pagar, cara. Não quero saber se morreu alguém, tem que pagar”, diz o agiota em um dos áudios.
Em outra gravação, depois de uma vítima pedir respeito, o homem esbraveja: “Não tenho que ter cuidado de porra nenhuma. Você que tem de ter cuidado se não me pagar”. Uma outra vítima de Marco, também de 45 anos, explica que, na verdade, ele não é o único a explorar dívidas da pasta. A mulher listou pelo menos 16 agiotas em atuação na capital. Todos eles emprestam dinheiro a servidores do governo distrital.
“É uma máfia que está comendo o servidor público pelas pernas”, definiu uma outra professora.
A reportagem ligou para Marco Antônio Vidal na noite de sexta-feira (12/8). O homem negou atuar como agiota. “Tá maluco, rapaz. Quem dera se eu tivesse pra isso”, disse o docente, aos risos. Questionado sobre a ligação feita pela reportagem em que ele garantiu conseguir emprestar dinheiro de forma rápida, Marco afirmou que, na verdade, negou a quantia. “Você viu que eu neguei, não foi? Eu disse que ela tinha que ligar. Na verdade, eu estava até dormindo na hora”, explicou.