Foi com papel e caneta na mão que Bolsonaro assistiu ao voto de Alexandre de Moraes (STF) para torná-lo réu no inquérito do golpe. O ex-presidente viu essa parte do julgamento pela televisão, nesta quarta-feira (26/3), no gabinete de Flávio Bolsonaro, no Senado.
Bolsonaro fez anotações ao longo de todo o voto do magistrado, registrando supostas inconsistências nas afirmações de Moraes. Flávio relatou à coluna que o ex-presidente reclamou do fato de o ministro ter botado vídeos das depredações do 8 de Janeiro sem que tenha incluído, também, uma live de 30 de dezembro de 2022 na qual Bolsonaro diz que “atuou dentro das 4 linhas da Constituição” e desencorajou manifestantes a irem para um “tudo ou nada”.
“Não adianta achar que o mundo vai acabar dia 1º de janeiro. ‘Vamos para o tudo ou nada’. Não! Não tem tudo ou nada. Inteligência! Mostrar que somos diferente do outro lado. Nós respeitamos as normas, a lei, a Constituição”, disse Bolsonaro em sua última live como presidente.
Segundo Flávio, as anotações feitas por Bolsonaro sobre a justificativa de Moraes passaram de uma página. O resultado do voto, contudo, já era esperado. A tendência é que os outros quatro ministros da Primeira Turma do STF acompanhem Alexandre e votem para tornar réu o ex-presidente.
Relator do caso que analisa a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Moraes foi o primeiro a ler o voto na Primeira Turma do STF e acolheu a denúncia na íntegra. Na abertura do voto, Moraes afirmou que “na hipótese em análise, a Procuradoria-Geral da República nos termos do artigo 41 do Código de Processo Penal descreveu satisfatoriamente os fatos típicos e ilícitos com com todas suas circunstâncias dando aos acusados o amplo conhecimento dos motivos”.
