Com a decisão de adiar a estreia de Um Lugar ao Sol, antecipada pela coluna, e reprisar Império após o término de Amor de Mãe, a Globo mais uma vez recorre ao trabalho de Aguinaldo Silva para entreter a faixa das nove durante a pandemia de Covid-19.
Assim que as gravações foram paralisadas, em março de 2021, Fina Estampa foi a primeira escolha da emissora para a edição especial do horário nobre. Agora, é a trama estrelada por Alexandre Nero, que deu vida ao antológico Comendador Jose Alfredo, que volta ao ar. Uma ironia e tanto ver Aguinaldo Silva brilhar novamente, logo depois de ter sido dispensado pela Globo, em janeiro do ano passado, após 40 anos de trabalho.
Aguinaldo sempre foi considerado um dos tipos mais populares entre os novelistas. Além de ter a língua afiada e não fugir de uma polemica na vida real, o autor parece saber como agradar o telespectador e prendê-lo em frente à TV. Ah, Sétimo Guardião não foi legal? Mas pode ser considerado uma exceção na lista de sucessos do novelista. A exemplo do Comendador interpretado por Nero, os personagens criados por ele são complexos, ácidos e divertidos, assim como seu texto e a linguagem que imprime nas novelas.
Império foi uma das tramas de maior sucesso no horário e causou reboliço quando foi ao ar.
Um exemplo da força e da criatividade dele aconteceu justamente em Império. A vilã Cora, de Drica Mores, tinha uma excelente química com o Comendador e os dois protagonizavam cenas hilárias. Quando a atriz ficou doente e precisou deixar a novela, Aguinaldo recorreu a Marjorie Estiano, que fez a vilã na primeira fase, para assumir o trabalho. A explicação para a troca das atrizes foi simples: Cora rejuvenesceu. E pronto. A decisão (surpreendente, claro) chamou ainda mais a atenção para a novela, transformando-a num fenômeno na reta final. Coisa de mestre.
