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É preciso dar um basta ao país onde celular vale mais do que uma vida

No Brasil, um celular vale mais do que uma vida, como mostra o assassinato do ciclista Vitor Medrado. O que você pretende fazer a respeito?

atualizado 15/02/2025 17:10

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Imagem colorida mostra o ciclista Vitor Medrado, assassinado em assalto - Metrópoles Instagram/Reprodução

Qual foi a reação do presidente da República ao assassinato do ciclista Vitor Medrado em São Paulo, vítima de ladrões de celular? Até agora, não se ouviu nada de Lula.

Em qualquer país do mundo civilizado, o governante expressaria publicamente a sua indignação com a barbaridade, transmitiria as condolências aos familiares e amigos da vítima e exigiria que os culpados fossem capturados e punidos.

Temos, no entanto, o silêncio presidencial. Ou a reprise, nas redes sociais, do vídeo de novembro de 2019 em que Lula diz: “Não posso ver mais jovem de 14 e 15 anos assaltando e sendo violentado, assassinado pela polícia, às vezes inocente ou às vezes porque roubou um celular”.

Se a reprise do vídeo é exploração política indevida de uma frase infeliz, que faz pouco caso daquele que é o crime mais comum cometido no Brasil, daquele que é o crime que afeta principalmente gente pobre, para quem celular é patrimônio, daquele que é o crime que ceifa muito mais vidas do lado do assaltado do que do assaltante, este seria o momento de o presidente da República se explicar. De afirmar que, ao condenar a violência policial, não quis fazer apologia da impunidade, se é que é pensa mesmo assim.

No Brasil, um celular vale mais do que uma existência. Do que uma alma. No Brasil, usar um celular na rua é quase cometer suicídio por mãos alheias. É como pedir para ser morto. A situação é tão espantosa que nos pegamos culpando o assaltado por ele ter sido imprudente a ponto de, veja só que absurdo, responder a uma mensagem enquanto andava na calçada ou falar ao telefone enquanto estava parado no seu carro no semáforo.

Não me venham com a justificativa social. Alegar que é a pobreza que leva ao crime é criminalizar o pobre. O pobre, aqui, também é vítima. A principal, como já foi dito.

O problema não é social, mas político. Estamos nas mãos de governantes relapsos, incompetentes, corruptos e impiedosos. De gente que passa a mão na cabeça de bandidos por ideologia, como Lula, ou que prega que bandido bom é bandido necessariamente morto por achar que Justiça é vingança, como Jair Bolsonaro. Em nenhum dos casos, ficaremos a salvo de sermos mortos na esquina.

Estamos nas mãos deles porque nos colocamos nas mãos deles, como gado que vai docemente para o abate. Comecei apontando o dedo para Lula, mas agora aponto o dedo para você. O assassinato do ciclista nos coloca outra vez diante da nossa maior questão nacional: a criminalidade. Questão que é também moral.

Você vai apenas lamentar mais uma morte? Você vai fazer outro textão em rede social e continuar aceitando mansamente que milhares de cidadãos sejam assassinados a cada ano por causa de um celular ou por qualquer outro motivo que vai do fútil ao torpe? Você vai reagir tão-somente na base do salve-se quem puder, erguendo muros, blindando carros, evitando andar na calçada, escondendo telefone na roupa? Normalizando o que não deve ser normalizado?

Diga o que você, brasileiro como eu, pretende fazer a respeito de um país no qual uma existência vale menos do que um celular. Um país onde todos morremos de medo, esperando não morrer baleados. É preciso dar um basta a este Brasil.

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