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Como explicar a Justiça brasileira a um gringo, sem se sentir um tatu?

É difícil explicar a um gringo como atua a Justiça no Brasil. Que, no Brasil, juiz dá entrevista sobre processo que irá julgar, mas não só

atualizado 27/02/2025 13:14

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Foto colorida de meme da estátua justiça com carta do jogo UNO - Metrópoles Reprodução/ Redes Sociais

É difícil explicar a um gringo como atua a Justiça no Brasil. Que, no Brasil, juiz dá entrevista sobre processo que irá julgar — e, não raro, antes mesmo do recebimento formal do processo, quando o processo ainda está na fase de aceitação ou não da denúncia pelo próprio entrevistado ou pelo colega de toga que dá expediente no mesmo tribunal.

O juiz dá entrevista para dizer que as provas recolhidas pela polícia e pelo Ministério Público são sólidas, que as contestações da defesa não procedem, que tudo é muito grave e por aí vai. É uma antecipação da sua decisão via imprensa.

O estrangeiro pergunta, logicamente: mas, então, para que fazer julgamento?

Chega-se, assim, ao momento de responder que, no curso do processo, o juiz que antecipou a sua decisão por meio dos jornais pode mudar de opinião a depender das injunções políticas. Que, depois de ter elogiado a polícia e o Ministério Público, não é incomum que ele passe a avacalhar publicamente o trabalho de investigação e dê veredicto oposto ao inicial.

Mas juiz, no Brasil, é influenciável politicamente?, pergunta o gringo, espantado.

Você, então, se vê na obrigação de informar que, mais do que isso, os nossos juízes — não todos, pelo amor de Deus, só os que importam lá no final — fazem política. Participam de negociações parlamentares, reúnem-se secretamente com o presidente da República, a quem dão conselhos estratégicos, fazem leis, tentam mudar o regime político do país e até cortam fita em inauguração de estradas.

A coisa é tão escancarada, que os jornalistas classificam os juízes entre aqueles com maior ou menor capacidade de articulação política — e os jornalistas não percebem o tamanho de mais esse absurdo. Aliás, para ser jornalista no Brasil, nem é preciso saber escrever, imagine perceber absurdos, você diz, acrescentando a outra tropicalidade nacional de juiz poder ser vítima, investigador e julgador na mesma ação.

É nesse momento que o gringo, antes espantado, abre um sorriso e acha que você está fazendo troça dele. É nesse momento que, meio sem graça, você.se sente um animal exótico. Um tamanduá, uma capivara, um tatu.

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