Com a aceleração da transformação digital, as marcas precisaram se reposicionar no mercado, adequar-se aos novos desafios impostos, buscar estratégias e entender o comportamento dos consumidores.
Para 2022, essas premissas devem se intensificar ainda mais, visto que as atividades econômicas devem ter uma aceleração com o alívio da pandemia. Por isso, estar antenado às plataformas digitais e saber se comunicar com os diversos tipos de público que as compõem faz-se fundamental para que as empresas não fiquem para trás.
Para compreender essas mudanças e elencar quais serão as tendências para o marketing em 2022, o Metrópoles entrevistou, com exclusividade, o Chief Media Officer da Galeria, Paulo Ilha, fundador de uma das 10 maiores agências do país. Durante a trajetória, o comunicólogo foi vencedor do Prêmio Caboré em 2018, como o Profissional de Mídia do Ano, e eleito pela Associação Brasileira de Propaganda (ABP) como o melhor Profissional de Mídia de 2018.
Como atua a agência Galeria frente às mudanças digitais?
Na verdade, tudo o que estamos fazendo é novo em relação ao mercado. Trabalhamos de uma forma integrada, então dados, mídias, tecnologia e estratégias andam juntos e tudo isso permeia a agência como um todo. Um segundo ponto é uma visão nossa de ter uma instituição formada por um coletivo de protagonistas. Historicamente, as grandes agências vêm sendo compradas por grandes grupos internacionais que passam a ser o dono. Na Galeria, temos uma visão de compartilhar os resultados. Dessa forma, valorizamos muito mais os profissionais, tendo eles não só como funcionários da empresa.
O que o mercado deve esperar para 2022?
Com o alívio da pandemia, que deve continuar no ano que vem, acredito que haverá um impacto profundo nos padrões de comportamento e consumo. As categorias de evento e turismo, por exemplo, estão muito aceleradas com o retorno mais próximo possível em relação à vida que tínhamos antes da pandemia. Existe uma mudança psicológica das pessoas de estarem vivendo um certo alívio e aquecimento de diversos setores que deve continuar, pois existem muitas demandas. A utilização de tecnologia se torna ainda mais evidente e profunda em todas as empresas, porque a pandemia acelerou drasticamente o comportamento digital dos consumidores em dois anos, o que estava previsto para ocorrer em seis. Com essa mudança, é possível que no ano que vem tenhamos uma pressão muito grande nas empresas para que elas tenham relações mais próximas com os consumidores e que busquem agências preparadas não só para o mundo digital.
Criar apenas conteúdos já não é suficiente. É preciso entender e acompanhar como os consumidores estão interagindo com as marcas. Dessa forma, como o marketing digital mudou a forma de fazer comunicação?
Sempre acreditei que o primeiro passo do nosso digital é ter competência e agilidade para que você leia os insights. E a partir do comportamento do consumidor se produzirá uma relação com ele, premissa que deve vir antes de tudo. Na verdade, o marketing digital propiciou muito mais assertividade na forma que a gente consegue se comunicar ao oferecer serviços e produtos, a gente passa a trabalhar olhando para a jornada dos consumidores. O comportamento digital nos potencializa uma comunicação que não tínhamos clareza. Diante disso, conseguimos oferecer um serviço mais relevante ou, até mesmo, manter uma conversa de forma mais perene e profunda.
O social selling tende a popularizar-se cada vez mais?
Acho que sim. As pessoas sempre consumiram de forma social. Elas sempre se engajaram em grupos de comportamentos de consumidores. Sem dúvida nenhuma, cada vez mais alinhada à tecnologia, deverá ganhar uma proporção maior.
As estratégias de omnichannel tendem a funcionar apenas para as grandes marcas ou funcionam para quem está começando uma empresa agora?
Servem para toda e qualquer marca que queira comunicar com o consumidor de forma eficiente, porque ele consome uma composição de meios. Trabalhar integrado em todos os meios é uma forma bastante assertiva.
Em relação a ESG, as empresas tendem a aderir mais em 2022?
É um tema extremamente relevante para a empresa. Cada vez mais os consumidores precisam ter mais responsabilidade em relação a essa temática. A maior parte deles levou isso muito a sério e passaram a questionar mais o papel social da empresa.
Qual o diferencial de uma marca que adere à prática de ESG?
Vejo que uma empresa que adote essa prática, está fazendo o seu papel no mundo. Todas as organizações têm responsabilidades sociais e, quando adotam esse tema, estão cumprindo seu papel na sociedade.
Em 2018, o senhor venceu o Prêmio Caboré, o mais importante reconhecimento da indústria de marketing e comunicação. O que isso representou?
Foi algo muito grande que eu e meu time fizemos na DPZ&T em que conseguimos com que a empresa avançasse muito na relação com os clientes na transformação digital da marca como um todo. A gente também lançou nossos serviços e negócios na empresa, foi um movimento em que tanto eu quanto meu time de mídia fizemos e implementamos na agência que teve, consequentemente, um impacto no mercado. Fizemos transformações em muitas agências. Lançamos uma unidade de performance cultural da instituição como um todo e fizemos com que ela crescesse na captação de clientes e novos negócios.