Ao longo das décadas, avanços da pauta de gênero fizeram parte, também, da indústria da moda. Marcas se propuseram a repensar os padrões heteronormativos e estabeleceram novas visões para o segmento. Ainda assim, este ano, o cantor brasileiro Vitão sofreu críticas por defender que a “moda é arte” quando se refere ao seu estilo, que não segue estereótipos. Antes dele, nomes como Prince, David Bowie e Ney Matogrosso enfrentaram o conservadorismo e preconceito ao adotar uma estética que ia ao contrário do estabelecido para o masculino.
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Após compartilhar um vídeo no TikTok, Vitão se viu em meio a uma polêmica. Ao aparecer com uma camiseta de ombro único, calça larga, luvas e maquiado para divulgar a parceria musical com Pabllo Vittar, intitulada de S de Saudade, o artista foi alvo de críticas por seu estilo.
Nos comentários, seguidores deixaram mensagens ofensivas. Em contrapartida, Vitão usou as redes sociais para pedir que o público respeite a sua visão de moda, além de aconselhar a quem estava incomodado com o visual que parasse de segui-lo.
“Moda para mim é arte. É poder brincar com nossa imagem, nos transformando a cada dia em uma pitada de tudo aquilo que é referência para nós, que nos apaixona. Se minha vestimenta, meu cabelo, meu rosto ou minha voz causam raiva em você, isso é algo que você tem que mudar, não eu”, escreveu o cantor no Twitter.
O artista prosseguiu ao lembrar de um ensinamento que aprendeu na infância e nunca esqueceu: “Minha avó me disse que a forma como nos apresentamos esteticamente para o mundo deveria ser apenas uma grande brincadeira. Como se nos fantasiássemos todos os dias de um novo personagem, adequado ao modo como estamos nos sentindo no dia”, recordou.
Roxo é a cor mais quente
Original, ambicioso e cheio de ousadia: essas são algumas das características que definem o astro Prince. O trabalho do cantor norte-americano ultrapassou o tempo e as barreiras. Entre os álbuns mais aclamados de sua carreira, está Purple Rain, lançado em 1984.
O disco vendeu cerca de 25 milhões de cópias no mundo todo. O sucesso estrondoso do CD é reconhecido até os dias atuais. A renomada revista norte-americana Consequence Of Sound elegeu Purple Rain como o melhor álbum de todos os tempos.
A contribuição de Prince não foi apenas no universo musical. Com seu estilo, ele desafiou os estereótipos ao investir em peças como top de renda, babados, calças boca de sino e apertadas no quadril, brilho e muito delineador preto. A maneira como o cantor enxergava a moda era bastante diferente e transgressora do se esperava para os homens, principalmente os negros.
O camaleão inglês
É difícil definir um único estilo para David Bowie. Ao longo da carreira, o britânico interpretou diferentes personagens em performances, o que o fez ser caracterizado como um camaleão. O astro britânico não tinha medo de provocar, questionar e mudar as regras impostas, além de entrar em polêmicas.
A cada nova era, o cantor propunha uma nova visão estética que, para época, era bastante transgressora, principalmente para o público masculino. Bowie ia contra maré com os seus figurinos, maquiagens e cenários das turnês.
Em uma das fases, o minimalismo era a norma. Bowie contribuiu a para pauta da neutralidade de gênero na moda. Calça de alfaiataria, cintura alta, blazers e camisas social ganharam um novo olhar no corpo do artista.
A contribuição estética de David Bowie inspirou designers em trabalhos famosos. Raf Simons, enquanto ainda era o nome à frente da Dior, desenvolveu uma coleção de alta-costura a partir das referências do cantor em 2015.
Homem com “H”
Aos 81 anos, Ney Matogrosso estabeleceu um enorme legado na música brasileira. A versatilidade e a entrega nos palcos são um legado. Homem com “H”, o cantor lutou contra os estereótipos e preconceitos que o público conservador lhe direcionava.
Sempre que aparece, Ney surpreende com figurinos e maquiagens instigantes. O cantor é apaixonado por macacões, lantejoulas e muito brilho. Acessórios também fazem parte do estilo do artista, com colares e brincos maximalistas.
Questionar as normas e os padrões faz parte da rotina de quem trabalha com moda ou a utiliza como ferramenta de expressão. Assim como os artistas citados nesta publicação, os homens, em geral, podem e devem se divertir e serem livres para vestir as peças que desejarem.
Colaborou Luiz Maza
