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Brasil discute abandonar neutralidade e condenar ação russa na Ucrânia

Eventual nova posição do Brasil virá por meio da adesão a resoluções multilaterais de órgãos internacionais condenando a Rússia

atualizado 23/02/2022 19:04

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Itamaraty Rafaela Felicciano/Metrópoles

Com a escalada da tensão no leste europeu nos últimos dias, o governo brasileiro discute internamente abandonar a posição de neutralidade e passar a condenar as ações da Rússia na Ucrânia.

Segundo fontes do Itamaraty e do Palácio do Planalto, uma eventual nova posição do Brasil virá por meio da adesão a resoluções multilaterais de órgãos internacionais condenando a ação russa.

Um dos caminhos seria o Brasil assinar eventuais resoluções do Conselho de Segurança da ONU, do qual é membro rotativo, da Assembleia-Geral da ONU ou até do G-20, grupo das 19 maiores economias do mundo.

No caso do Conselho de Segurança, a avaliação do governo brasileiro é de que uma declaração condenando a Rússia será mais difícil de sair, uma vez que os russos ocupam a presidência do colegiado no momento.

Integrantes do governo brasileiro ressaltaram à coluna que a possibilidade de um posicionamento unilateral do Brasil condenando a Rússia já foi descartada internamente.

Essas fontes também destacaram que, por enquanto, não há qualquer discussão sobre possíveis sanções econômicas ou outras medidas do tipo do Brasil em relação à Rússia.
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que pode desencadear um conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível guerra

Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Em meio à troca de acusações, os Estados Unidos dizem que há uma ameaça "iminente" de Moscou a Kiev e enviaram mais de 8 mil soldados para a Europa Oriental

Getty Images
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Putin reconheceu oficialmente a independência de duas regiões da Ucrânia controladas por separatistas pró-Rússia. Poucas horas depois, anunciou o envio de soldados para Donetsk e Luhansk, com a suposta missão de pacificar a área

Alexei NikolskyTASS via Getty Images)
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Como resposta, a União Europeia e os Estados Unidos proibiram transações econômicas com bancos e entidades que financiam o aparato militar da Rússia. As medidas atingem políticos russos, bancos, o setor de defesa e de mercados de capitais

Getty Images
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O Ministério das Relações Exteriores russo informou que evacuou os últimos diplomatas em serviço no país vizinho. Para a chancelaria de Putin, os diplomatas russos correm risco de sofrer violência

Getty Images
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Sob risco de invasão, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, pediu mais armas aos países do Ocidente. Ele defendeu que essa seria uma forma de resistir contra a Rússia

Getty Images

O assunto vem sendo discutido principalmente no âmbito do Itamaraty, cujos diplomatas têm mantido conversas constantes sobre a crescente tensão entre os dois países do leste europeu.

Segundo fontes do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro deu autonomia para o Itamaraty tocar o tema. O presidente pediu apenas para que órgão o comunique antes, caso decida aderir a alguma resolução multilateral.

Contradição

Defensores de uma posição mais dura do Brasil em relação à Rússia lembram que Bolsonaro sempre adotou a defesa da soberania como uma das tônicas principais de seus discursos internacionais.

Nesse contexto, avaliam que esse discurso presidencial pode ser questionado por outros líderes mundiais, caso o Brasil se mantenha neutro e não condene a violação da soberania da Ucrânia.

Há quem lembre que até mesmo os discursos de Bolsonaro em defesa da soberania brasileira sobre a Floresta Amazônica podem ser atacado, caso o Brasil não condene a ação russa.
Neutralidade brasileira

Até o momento, o Brasil vem optando por não condenar explicitamente as ameaças de invasão russa na Ucrânia e por pregar uma solução pacífica que leve em consideração as preocupações de todas as partes envolvidas.

Uma declaração nesse sentido foi feita na segunda-feira (21/2) no Conselho de Segurança da ONU  pelo embaixador Ronaldo Costa Filho, representante brasileiro no colegiado.

Na fala, o diplomata classificou a situação entre Rússia e Ucrânia como “crítica” e disse que o Brasil vem acompanhando os últimos acontecimentos com “extrema preocupação”.

O embaixador também apelou à “imediata desescalada” e reiterou o compromisso brasileiro de apoiar os “esforços políticos e diplomáticos” para uma solução pacífica da crise.

Costa Filho ressaltou que os pilares do direito internacional, que baseiam o sistema de segurança coletiva da ONU, só produzirão resultados se as “preocupações legítimas de todas as partes sejam levadas em consideração”.

O representante brasileiro ainda defendeu um “cessar-fogo imediato”, com “retirada abrangente” de tropas. Em nenhum momento, contudo, condenou diretamente as ameaças da Rússia.

Solidariedade?

Durante encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada em Moscou, Bolsonaro chegou a dizer que os brasileiros eram “solidários à Rússia”, sem especificar a que se referir.

Em uma segunda declaração, porém, mudou o tom e disse que o Brasil é solidário e respeita países que defendem soluções pacíficas para eventuais conflitos.

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