Enviado especial a Santiago — O presidente Lula defendeu, nesta segunda-feira (5/8), a “transparência dos resultados” da eleição na Venezuela. A defesa foi feita durante discurso após reunião com o presidente do Chile, Gabriel Boric, no Palacio de la Moneda, sede do governo chileno.
Ao fazer um relato sobre seu encontro com Boric, o mandatário brasileiro disse ter “exposto” ao líder chileno as “iniciativas” empreendidas por ele junto aos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, López Obrador, em “relação ao processo político na Venezuela”.
Lula afirmou que o respeito pela tolerância e pela soberania popular “é o que nos move a defender a transparência dos resultados”. O petista afirmou ainda que o “compromisso com a paz é o que nos leva a conclamar as partes ao diálogo e promover o entendimento entre governo e oposição”.
“Nossos ideais convergem na defesa intransigente da democracia. Por isso, tive a satisfação de convidar o presidente Boric para a reunião de líderes democráticos contra o extremismo que Pedro Sánchez (primeiro-ministro da Espanha) e eu organizaremos em Nova Iorque, no contexto da Assembleia Geral da ONU. Também expus iniciativas que tenho empreendido com os presidentes Gustavo Petro e López Obrador em relação ao processo político na Venezuela. O respeito pela tolerância e pela soberania popular é o que nos move a defender a transparência dos resultados. O compromisso com a paz é o que nos leva a conclamar as partes ao diálogo e promover o entendimento entre governo e oposição”, afirmou o petista em declaração lida.
O discurso de Lula ao lado de Boric foi na mesma linha adotada pelo petista até o momento. Ou seja, de não reconhecer oficialmente a vitória autoproclamada de Nicolás Maduro na Venezuela, mas, ao mesmo tempo, não condenar os excessos cometidos pelo ditador venezuelano.
Em declarações anteriores, Lula já tinha cobrado a apresentação das atas das zonas eleitorais do pleito na Venezuela. Ao mesmo tempo, porém, o petista afirmou não ter visto nada de “anormal” ou “grave” na eleição, apesar das denúncias de irregularidades feitas pela oposição.
A fala, como noticiou a coluna, foi criticada por integrantes do Itamaraty e até por auxiliares de Lula no Palácio do Planalto. O temor de integrantes do governo brasileiro é que a posição mais complacente do petista em relação a Maduro impacte negativamente a avaliação do presidente.
Boric evita falar de Venezuela em discurso
O presidente do Chile, por sua, evitou falar sobre a situação da Venezuela em seu discurso ao lado de Lula nesta segunda no Palacio de la Moneda. Em declarações anteriores, Boric adotou posição mais firme que o mandatário brasileiro em relação a Maduro.
Boric já afirmou, por exemplo, que a reeleição proclamada de Maduro é “difícil de acreditar”. Também disse que não reconhecerá resultado que não seja verificado por organismos internacionais independentes. A posição levou à expulsão de diplomatas chilenos pelo ditador venezuelano.