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Tabata postou foto celebrando podcast do Flow e apagou após críticas

Antes da foto, apresentador Monark defendeu reconhecimento legal de partido nazista; Monark foi demitido do Flow Podcast

atualizado 08/02/2022 23:04

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Tabata Amaral no Flow ao lado de Monark, após fala controversa sobre nazismo Reprodução

A deputada Tabata Amaral, do PSB de São Paulo, apagou nesta terça-feira (8/2) uma foto com Bruno Aiub, o Monark, e outros participantes do Flow Podcast após o programa. Na véspera, Monark defendeu no podcast o reconhecimento legal de um partido nazista. Depois da repercussão, Monark foi demitido e o episódio foi retirado do ar. O deputado Kim Kataguiri, que endossou o argumento de Monark e disse que a Alemanha errou ao criminalizar o nazimo, será investigado pela PGR por suposta apologia ao nazismo.

“Pessoal, valeu pelo papo. Haja hidromel”, postou Tabata, ao lado de Monark, Igor Coelho, outro apresentador do podcast, e o deputado Kim Kataguiri, do Podemos de São Paulo. Na foto, o grupo aparece sorridente. A Philip Mead, fabricante de hidromel, foi um dos patrocinadores que retiraram verba do Flow após o episódio.

Pouco antes da foto, no Flow Podcast desta segunda-feira (7/2), disse Monark: “Eu acho que tinha que ter um partido nazista reconhecido pela lei”. A deputada discordou e rebateu a declaração durante a entrevista.

Amaral afirmou, de imediato, que as afirmações eram “esdrúxulas” de Monark, e lembrou o holocausto, quando mais de 6 milhões de judeus foram assassinados. Amaral lembrou ainda que o nazismo coloca a existência da comunidade judaica em risco. “Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco”, afirmou a parlamentar.

O comportamento destoou do de Kim Kataguiri. O deputado fez uma falsa equivalência e tentou argumentar que os partidos com bandeiras ideológicas comunistas também não poderiam existir devido a declarações que poderiam violar os direitos humanos. E queixou-se que defensores do comunismo têm, na visão dele, mais espaço na mídia do que defensores do nazismo. Kataguiri completou dizendo que considera um erro o nazismo ser criminalizado na Alemanha.

“O que eu defendo é que, por mais absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco que (seja) o (que o) sujeito defenda, isso não deve ser crime. Por quê? Porque a melhor maneira de você reprimir uma ideia antidemocrática, tosca, bizarra, discriminatória é você dando luz àquela ideia, para que aquela ideia seja rechaçada socialmente e, então, socialmente rejeitada.”

Com a repercussão da declaração de Monark, Tabata Amaral apagou a foto e publicou nesta terça-feira (8/2) nas redes sociais que o nazismo deve ser banido. “Isso sempre foi e será inegociável para mim”, afirmou a parlamentar.

Diversas marcas retiraram patrocínios do podcast, a exemplo de Lacta e Puma. O Flow também perdeu os direitos de transmissão do Campeonato Carioca. Em outubro do ano passado, Monark havia questionado se ter uma opinião racista era crime e comparou homofobia a gostar de refrigerante.

Procurados, os deputados Tabata Amaral e Kim Kataguiri não responderam.

(Atualização às 20h50 de 8 de fevereiro de 2022: Em nota, Tabata Amaral afirmou que o erro de ter publicado a “foto de caráter amistoso” só ficou claro horas depois. A deputada também alegou estar sendo culpada indevidamente pelo episódio. “Ao final das mais de 4 horas de um programa ao vivo, um comunicador defendeu a liberdade de expressão da ideologia nazista. A minha postura foi a de combater veementemente essas ideias e defender que qualquer ideologia que ameace a existência ou integridade de pessoas seja intolerável e banida. Ao divulgar a participação no programa, publicamos uma foto de caráter amistoso ao lado dos participantes. Esse erro só ficou claro horas depois, quando tivemos a sensibilidade de apagar a postagem. O que não me parece correto é que mais uma vez tenham encontrado uma forma de culpar a única pessoa que, com coragem, foi firme ao defender que discursos de ódio são intoleráveis e devem ser banidos”, afirmou o comunicado.)

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No trecho do programa, o apresentador argumenta com a deputada federal Tabata Amaral e defende a criação do partido por ser, segundo ele, a favor da liberação de “tudo”
“A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião. Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”, defendeu Monark
Após a repercussão negativa, o apresentador se desculpou em vídeo nas redes sociais e disse que estava bêbado e que não soube expressar bem suas ideias
Bruno Aiub, conhecido como Monark, era dono e um dos apresentadores da atração que faz enorme sucesso no YouTube, com mais de 3,6 milhões de seguidores e quase 500 milhões de visualizações na plataforma
Monark disse sentir "simpatia" por quem participou dos atos antidemocráticos em Brasília
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Durante gravação do programa Flow Podcast, um dos apresentadores, conhecido como Monark, 31 anos, defendeu a criação de um partido nazista no Brasil, proibido por lei

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No trecho do programa, o apresentador argumenta com a deputada federal Tabata Amaral e defende a criação do partido por ser, segundo ele, a favor da liberação de “tudo”

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“A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião. Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”, defendeu Monark

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Após a repercussão negativa, o apresentador se desculpou em vídeo nas redes sociais e disse que estava bêbado e que não soube expressar bem suas ideias

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Bruno Aiub, conhecido como Monark, era dono e um dos apresentadores da atração que faz enorme sucesso no YouTube, com mais de 3,6 milhões de seguidores e quase 500 milhões de visualizações na plataforma

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Monark disse sentir "simpatia" por quem participou dos atos antidemocráticos em Brasília

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Além da FFERJ, figuras do mundo esportivo se posicionaram sobre as declarações e convidados também cancelaram suas participações no podcast, entre eles o ex-jogador Zico e o humorista Maurício Meirelles

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Um dia após o ocorrido, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) recebeu denúncia contra o apresentador, que solicita a abertura de processo criminal contra ele

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Monark e a empresa dele perderam patrocínios, após o apresentador defender a existência de um partido nazista no Brasil, durante um episódio do Flow Podcast. O podcaster também foi repudiado por associações e federações israelitas

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Por causa da polêmica e repercussão negativa, o apresentador foi demitido dos Estúdios Flow e o episódio em questão foi retirado do ar

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